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O general Carlos Alberto dos Santos Cruz afirmou que a tentativa de Jair Bolsonaro de usar as Forças Armadas para atacar as urnas eletrônicas é “irresponsável” e “fanfarronice”.
Santos Cruz avalia que as Forças Armadas não apoiam nenhum grupo político e que não há “envolvimento do Exército em questões sobre a confiabilidade nas urnas utilizadas no Brasil”.
“Minha opinião é baseada na cultura que eu vivi no Exército por mais de 45 anos”, contou.
Jair Bolsonaro falou em entrevistas e em transmissões ao vivo que as Forças Armadas tinham enviado para o Superior Tribunal Eleitoral (TSE) um documento apontando “dezenas de vulnerabilidades” nas urnas eletrônicas, o que é mentira.
Segundo o Tribunal, as Forças Armadas enviaram perguntas “sem qualquer comentário ou juízo de valor sobre segurança ou vulnerabilidades”.
A Corte respondeu às perguntas e tornou o documento público, esvaziando a narrativa criada por Jair Bolsonaro.
O general Santos Cruz disse ao UOL que tem “convicção de que quaisquer questões porventura estudadas por especialistas militares em relação ao assunto são absolutamente técnicas e não têm nada a ver com apoio político”.
“Os assuntos relativos ao sistema eleitoral e ao modelo adotado não são assuntos militares. São assuntos da Justiça Eleitoral, do Congresso Nacional e do Ministério da Justiça. A contribuição militar é em aspectos técnicos”, acrescentou.
Para ele, “tentar envolver as Forças Armadas na polêmica criada sobre confiabilidade das urnas é atitude completamente irresponsável. Isso é tentativa deliberada de manipulação da opinião pública, tentando explorar a boa imagem do Exército”.
O ex-ministro da Secretaria de Governo disse que não se deve dar crédito às “fanfarronices e às tentativas do presidente de transferência do prestígio do Exército para os seus interesses políticos pessoais”.
“Quem fizer referência a apoio político e tentar explorar politicamente o prestígio do Exército está blefando, mentindo e sendo irresponsável”, pontuou.
Jair Bolsonaro já divulgou mentiras sobre as urnas eletrônicas para tentar impor o voto impresso em outros momentos. Ele jurava que tinha provas de que as eleições de 2014 e 2018 foram fraudadas, mas, pressionado a apresentá-las, não apresentou uma única prova.
Em uma transmissão ao vivo, divulgou os dados de um inquérito sigiloso sobre uma invasão hacker nos sistemas do TSE, que nunca chegou a afetar a lisura das eleições.
O ex-presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, afirmou que Jair Bolsonaro “facilitou a vida” dos hackers e da milícia digital ao expor dados do inquérito sigiloso. Ele é investigado pelo vazamento.