Centrais e confederações de servidores repudiam chantagem e politicagem eleitoreira de Bolsonaro com Precatórios
Entidades de servidores públicos, confederações e centrais sindicais repudiaram as chantagens que o governo vem fazendo com a promessa de reajuste salarial do funcionalismo condicionado à aprovação da PEC dos Precatórios.
O “reajuste fake” já foi desmascarado pelo próprio relator do Orçamento de 2022, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), e pelo líder do governo no Senado, senador Fernando Bezerra (MDB-PE), que também desmentiu Bolsonaro. (Leia: Bolsonaro cria ‘reajuste fake’ de servidores para aprovar pedalada dos precatórios).
“Não vamos aceitar chantagem com a PEC 23. O governo quer dar um calote em ações que correram durante 20, 30 anos. É mais inaceitável, ainda, que o governo condicione o reajuste dos servidores ao calote dos precatórios”, declarou ao HP, Rudinei Marques, coordenador do Fórum Permanente de Carreiras Típicas de Estado (FONACATE).
De acordo com Rudinei, “há dinheiro para pagar os precatórios e repor as perdas inflacionárias, que somam de 20% do 30% do salário do servidor, conforme o caso. Não podemos viver sobre o aperto insuportável dos investimentos sociais e a liberalização completa do pagamento de juros e rolagem da dívida pública”, completou.
João Paulo, da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil (CSPB), afirmou em entrevista ao HP que “não dá para confiar no Bolsonaro nem um tantinho assim: ele quer fazer demagogia eleitoral com os brasileiros que estão passando fome por sua responsabilidade. Não quer, como nunca quis, dar reajuste nenhum ao servidor. Quer, sim, é acabar com serviço público com a PEC 32, que tem esse objetivo criminoso contra o estado brasileiro. E com a PEC 23 quer dar o calote em milhares de velhinhos e nos Estados e Municípios que esperam receber o que ganharam na Justiça. O que ele quer é desviar recursos para o seu caixa eleitoral. É só isso”.
Em nota aos parlamentares, as centrais sindicais e confederações de servidores públicos denunciaram que a PEC 23 “institui evidente calote que prejudicará diretamente milhares de brasileiros credores de valores reconhecidos por decisão judicial e, indiretamente, outros tantos milhões afetados pelas alterações nos repasses aos Estados e aos Municípios dos recursos atinentes ao Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério). Em outras palavras, o texto aprovado na Câmara de Deputados ludibriou Estados e Municípios, quando aparentemente pretendeu beneficiá-los. Ao longo dos anos, certamente dezenas, talvez centenas de milhares de credores morrerão antes de receber seu crédito”.
CARLOS PEREIRA