
Prisão de Mahmud Khalil se deu depois que Trump falou em deportar estudantes solidários ao povo palestino. Também, por ordem de Tump, a Universidade Columbia, cujo movimento estudantil teve papel destacado nas manifestações contra o genocídio israelense em Gaza, foi castigada com corte de verba em 400 milhões de dólares
O estudante Mahmoud Khalil, que participou dos acampamentos solidários ao povo palestino sob ataque em Gaza e liderou as comissões que negociaram a permanência das concentrações na Universidade Columbia, foi preso no apartamento onde está instalado dentro da Universidade, neste sábado, dia 8.
A prisão de Khalil aconteceu logo depois de Trump haver emitido ordem executiva contra os estudantes solidários aos palestinos, orientando a sua deportação e afirmando que, com isso, estaria “protegendo de antissemitismo os estudantes judeus “.
A prisão foi efetuada por agentes do Departamento de Imigração e Alfândega (ICE, sigla em inglês).
A advogada de Khalil, Amy Greer, divulgou uma declaração dizendo que o estudante foi “detido erradamente” que disseram haver revogado seu visto, quando ele está legalmente residindo nos Estados Unidos, havendo já obtido o “Green Card” (que dá ao imigrante o direito de residência e trabalho permanentes nos EUA).
Amy Greer informou que “entramos com uma petição de habeas corpus em favor de Mahmoud, questionando a validade de sua prisão. Até agora não sabemos onde ele está. Inicialmente fomos informados de que ele fora transferido para uma delegacia do ICE em Elizabeth, Nova Jersey. No entanto, quando sua esposa – uma cidadã americana no oitavo mês de gravidez – foi ameaçada de também ser presa pelos agentes do ICE, quando tentava visita-lo. Disseram a ela que Mahmoud não estava lá e que teria sido transferido para mais longe, provavelmente Luisiana.
“Vamos buscar os direitos de Mahmoud com todas as nossas forças, nos tribunais e vamos continuar com nossos esforços para corrigir este terrível, calculado e indesculpável erro cometido contra ele”, prosseguiu.
“A prisão de Mahmoud pelo ICE faz parte a repressão aberta pelo governo dos Estados Unidos ao ativismo estudantil e ao discurso político, especialmente atingindo estudantes na Universidade Columbia por criticarem o assalto de Israel a Gaza. O governo dos Estados Unidos tem deixado claro que vão usar a repressão a imigrantes como instrumento para suprimir este discurso. Muitas pessoas e organizações têm expressado apoio a Mahmoud e denunciado a ultrajante conduta do governo e oferecido assistência nos procedimentos legais. Nós agradecemos todo este apoio”, finalizou a advogada.
O secretário de Estado, Marco Rubio, anunciou no final de semana que os EUA vão revogar “os Green Cards dos apoiadores do Hamas na América de forma que possam ser deportados”.
Quando questionada pelo jornal Haaretz pela permissão à entrada de força policial no campus universitário, para prender Mahamoud, a direção da Universidade disse apenas que “segue a lei”.
Também ao jornal Haaretz, a porta-voz do Departamento de Segurança Nacional, Tricia McLaughlin, declarou que “o ICE segue orientações do presidente Trump de proteger a segurança nacional”.
Já o diretor do Instituto Knight, First filiado à Universidade Columbia, Jameel Jaffer, se contrapôs a esta arbitrariedade ditatorial: “Prender e ameaçar deportar estudantes por sua participação em protestos políticos é o tipo de ação originalmente associada aos regimes mais repressivos do mundo. É verdadeiramente chocante que é isso que está acontecendo aqui”.
“As universidades precisam reconhecer que tais ações apresentam uma ameaça existencial à vida acadêmica em si mesma. Elas precisam deixar claro, através de atitudes, que não vão ficar ao largo enquanto o governo Trump aterroriza tanto estudantes quanto as faculdades e passa por cima dos direitos do indivíduo e da letra da lei”, acrescentou Jafer.
GOVERNO TRUMP CORTA US$ 400 MILHÕES DA UNIVERSIDADE COLUMBIA
Neste final de semana, o governo Trump anunciou o imediato cancelamento de US$ 400 milhões em recursos federais e contratos até aqui destinados à Universidade Columbia alegando o suposto fracasso dela em “enfrentar a persistente agressão antissemita no campus”.
A organização judaico-americana (ADL, sigla em inglês) apoiou a arbitrariedade de Trump, dizendo apenas que a “deportação deve seguir os trâmites legais”.
Em seu agradecimento, a ADL qualificou de antissemitismo – como costuma fazer o regime israelense – o justo movimento de solidariedade ao povo palestino. “Apreciamos a Administração Trump pelos seus amplos e reforçados esforços para conter o antissemitismo no campus. Esta ação avança em ilustrar a determinação de fazer com que os responsáveis paguem por suas ações. Esperamos que esta medida sirva de dissuasão a outros que queiram transgredir a lei nos campi ou em outros lugares”.
Columbia foi o epicentro das manifestações de solidariedade desde o início do genocídio contra a população da Faixa de Gaza.
A secretária de Educação, Linda McMahon, aderiu à ação fascista do governo chamando as escolas superiores norte-americanas a aderirem ao terror e `repressão perpetrados por Trump e seu séquito, dizendo que “hoje demonstramos a Columbia e outras universidades de que não mais toleraremos sua terrível inação”.
A direção da Universidade alertou que “este cancelamento de fundos vai impactar imediatamente a pesquisa e outras funções críticas da Universidade, atingindo estudantes, corpo docente e de trabalhadores universitários”.
A diretora da União de Liberdades Civis, seção Nova Iorque, Donna Lieberman, condenou a medida ilegal de “coerção de universidades para que censurem o direito de expressão estudantil que não seja aprovado pelo governo, a exemplo da crítica a Israel ou apoio aos direitos palestinos”.