
As cidades argentinas ficaram vazias com a greve geral desta quarta-feira, 29. Não circularam ônibus, trens e, na cidade de Buenos Aires, o metrô também não funcionou. Voos comerciais foram suspensos e não houve transporte marítimo. Em todo o país, as escolas, universidades, bancos, lojas fecharam e nos hospitais só houve atendimentos de urgência.
Convocada e organizada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), junto com a Frente Sindical para o Modelo Nacional (FSMN) e a Central de Trabalhadores da Argentina (CTA), principais centrais sindicais do país, “foi uma contundente resposta ao arrocho de Macri”, na avaliação dos organizadores e dos principais meios de comunicação.
Organizações sociais do país inteiro se somaram à paralisação para condenar as consequências nefastas do plano econômico aplicado pelo governo Macri.
Esta é a quinta paralisação realizada desde a posse de Macri, mostrando o rechaço dos argentinos a uma situação em que se veem diante de um altíssimo índice inflacionário, com previsão de 55% para este ano, do aumento do desemprego, que em 2018 fechou com índice de 9,1%, além de uma pobreza que já afeta 32% da população.
Os sindicalistas exigem medidas que proíbam a demissão de trabalhadores e novas regras para negociação de reajustes salariais.
O presidente do Sindicato da Alimentação, Rodolfo Daer, afirmou que nesta quarta-feira se pode ver “imagens de uma cidade vazia porque os trabalhadores em seu conjunto concordam quanto às razões da convocação para esta greve”. “O movimento operário reitera às autoridades que tomem ações imediatas para frear esta decadência social, política e econômica”, advertiu.
A total adesão dos sindicatos do transporte fortaleceu o movimento grevista em repúdio à política neoliberal de submissão ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Na sede do Sindicato dos Caminhoneiros, os principais dirigentes da CGT destacaram o alto acatamento que obteve a demonstração de força e exigiram a mudança do modelo econômico: “Esta greve é a demonstração mais importante do rechaço dos trabalhadores às políticas que o governo vem executando”, assinalou o veterano dirigente Hugo Moyano, advertindo que a insatisfação popular aponta no sentido de que os candidatos a continuarem com o desgoverno de Macri serão derrotados nas eleições presidenciais de outubro próximo.
A consultora Projeto Econômico divulgou um informe onde mostra que o setor industrial é o mais afetado da economia argentina por essa política. Só nele, “há uma queda ininterrupta do emprego assalariado formal que acumula quase 125.000 postos de trabalho destruídos em menos de 4 anos”.
Em todo o país organizações de moradores, femininas, estudantis e outras realizaram panelas populares, que são uma forma tradicional de protesto no país, condenando a política de fome de Mauricio Macri, que, no último ano, provocou uma brecha entre a inflação dos alimentos e a evolução salarial que atingiu 21,8%, segundo a consultora Projeto Econômico.
SUSANA LISCHINSKY