Um documento assinado por 140 integrantes do Ministério Público Federal condenou os ataques terroristas contra o Supremo Tribunal Federal (STF), o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional e pede mais providências para investigar a ação dos bolsonaristas raivosos.
O documento foi enviado ao procurador-geral da República, Augusto Aras.
No texto, os procuradores apontam que uma “horda de terroristas” marchou sobre a Esplanada dos Ministérios, invadiu as sedes dos Poderes e depredou “barbaramente o patrimônio público e histórico” do Brasil.
Os procuradores cobram a adoção de providências para a “pronta apuração de crimes contra as instituições democráticas” e medidas “necessárias e suficientes” para o reestabelecimento da ordem pública.
Eles denunciam que a ação dos terroristas visavam gerar um “colapso” na democracia para tentar um “golpe de estado”.
Os membros do MPF criticam duramente a atuação da Polícia Militar do Distrito Federal, o governador afastado, Ibaneis Rocha (MDB), e o ex-secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro.
“As imagens de vídeos divulgados pela imprensa revelam que a marcha criminosa da insanidade desceu o Eixo Monumental em direção à sede dos três Poderes escoltada condescendentemente pela Polícia Militar do Distrito Federal, cujo efetivo, presente no local, demonstrou não estar preparado para conter as ações criminosas da multidão golpista e antidemocrática”, diz trecho do documento.
Os procuradores levantam a hipótese das tropas policiais terem sido “orientadas a não coibir adequadamente o movimento golpista”, citando que os bolsonaristas golpistas acamparam por meses em Brasília sem que fossem incomodados.
“Além da aparente falta de disposição de alguns policiais para agir com a energia necessária e evitar a invasão e destruição das sedes dos três Poderes republicanos, os fatos precedentes indicam possível omissão ou conivência de autoridades públicas responsáveis pela manutenção da ordem no Distrito Federal, dentre elas, seguramente, o governador local e o seu secretário de segurança pública”, arremata a representação dos procuradores.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, indicado por Bolsonaro para o cargo, requisitou no domingo (8) que a Procuradoria da República no Distrito Federal abrisse uma investigação criminal para apurar a responsabilidade dos envolvidos na invasão e depredação dos três poderes.
Entretanto, tem sido criticado por inação e demora na apuração dos fatos.
Procuradores lembram que Aras encerrou grupos de investigação sobre golpistas no Ministério Público Federal e devolveu a procuradores pedidos de informações ao Exército e à Polícia de Brasília sobre acampamentos de golpistas em quartéis do Exército. Ele também acionou a Corregedoria contra procuradores que buscavam no Supremo Tribunal Federal (STF) informações para alimentar inquéritos.
Em palavras, na reunião com o presidente Lula no Palácio do Planalto na segunda-feira (9), o procurador-geral disse que o Ministério Público está mobilizado para não permitir que o episódio de domingo se repita.