Hang admite na CPI que a mãe morreu de Covid, ignorando o que a Prevent pôs no atestado de óbito

O bolsonarista Luciano Hang na CPI. Foto: Roque de Sá - Agência Senado
Empresário disse que operadora de saúde relatou a ele que plantonista errou. Ele confirmou que a mãe foi submetida a remédios e terapias ineficazes. CPI investiga o quanto a defesa pelo presidente de medicações ineficazes prejudicou o combate à pandemia no país

O empresário bolsonarista Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, afirmou nesta quarta-feira (29), em depoimento à CPI da Covid-19 no Senado, que soube pela comissão que a Prevent Senior omitiu a Covid-19, do atestado de óbito da mãe dele.

Hang foi convocado a prestar depoimento sobre as suspeitas de que financiou a disseminação de fake news, principalmente sobre tratamentos ineficazes contra a Covid-19, o que o empresário negou.

Aos senadores, Luciano Hang disse que, ao saber que a Covid-19 não constava do atestado de óbito da mãe, procurou a Prevent Senior e que a operadora de saúde forneceu segunda via do documento. Segundo ele, esse segundo documento, sim, mencionava a Covid.

“Fiquei sabendo através [sic] da CPI que tanto o atestado de óbito quanto o prontuário da minha mãe foram pegos. E que lá no atestado de óbito não constava Covid. Eu sou leigo, não sei o que tem que botar no atestado de óbito”, declarou Hang à CPI.

ERRO DO MÉDICO

Em seguida, o empresário afirmou ter sido informado pela Prevent Senior que houve erro do médico de plantonista que atendeu à mãe do empresário.

“Segundo eles, quem preencheu o atestado de óbito foi o plantonista. No dia seguinte, a comissão de controle de infecção hospitalar viu o erro do plantonista”, declarou.

Na última quarta-feira (22), também em depoimento à CPI, o diretor-executivo da Prevent, Pedro Benedito Batista Junior, foi questionado sobre a mãe de Luciano Hang e respondeu que não tinha autorização para falar sobre pacientes.

O diretor admitiu, no entanto, que a operadora alterou o prontuário de pacientes com Covid para excluir o diagnóstico dos registros, mas que isso seria somente para saber quem já não estava mais com a doença. A empresa nega.

DROGAS INEFICAZES

Ainda no depoimento, Hang disse que a mãe foi diagnosticada com Covid no dia 28 de dezembro de 2020. Segundo ele, médicos foram chamados e começaram a medicá-la com remédios que compõem o chamado “Kit Covid” e que são comprovadamente ineficazes.

Hang, assim como Jair Bolsonaro e aliados, defende desde o início da pandemia o uso de remédios comprovadamente ineficazes contra a Covid. A CPI investiga o quanto a defesa dessas medicações pelo presidente prejudicou o combate à pandemia no País.

O empresário disse que também autorizou que os médicos da Prevent Senior adotassem terapias ineficazes no tratamento da mãe dele, como a ozonioterapia retal.

“Ofereceram ozonioterapia e eu aceitei […]. Coloquei nas mãos dos médicos. Autorizei a Prevent a fazer tudo que estivesse disponível para salvar minha mãe. Autonomia médica dá liberdade para que o médico prescreva”, afirmou.

M. V.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *