Presidente da Câmara criticou endosso de Augusto Heleno à ameaça de retorno do AI-5 feita por Eduardo Bolsonaro
O presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que já havia afirmado ser “repugnante” a ameaça que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) fez da reedição do AI-5, criticou também, na segunda-feira (4), o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, por seu endosso à fala irresponsável do filho do presidente.
Na quinta-feira, em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, Augusto Heleno repetiu que, se o Brasil registrar protestos similares aos que ocorrem no Chile, “algo terá de ser feito” e disse que “editar um novo AI-5″, como citou Eduardo, “exigiria estudos”, pois o “regime democrático impõe que uma proposta como essa passe em um monte de lugares”.
“Acho que a frase dele foi grave”, advertiu Rodrigo Maia. “Além disso, ainda fez críticas ao Parlamento, como se o Parlamento fosse um problema para o Brasil”, condenou. “É uma pena que um general da qualidade dele tenha caminhado nessa linha”, acrescentou o deputado.
“Infelizmente o general Heleno virou um auxiliar do radicalismo do Olavo”, destacou o presidente da Câmara, referindo-se a Olavo de Carvalho, astrólogo e guru de Bolsonaro, residente na Virgínia, tradicional reduto de escravistas e nazistas dos EUA.
Maia lembrou ainda que há um pedido de convocação para que o ministro Augusto Heleno vá à Câmara Federal prestar esclarecimentos sobre sua entrevista em que endossou a possibilidade da volta da ditadura militar no Brasil, como sugeriu Eduardo Bolsonaro.
O pedido foi protocolado pelo deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) e será avaliado pelo plenário da Câmara. “Ele terá chance de se explicar ao plenário da Câmara, dizer o que significa ‘estudar’ a proposta absurda de Eduardo Bolsonaro. Não podemos tolerar nenhuma insinuação antidemocrática. O que é mais grave se feito por um ministro palaciano”, afirmou Orlando Silva.
A frase, endossada por Augusto Heleno, foi dita por Eduardo Bolsonaro, em entrevista à jornalista Leda Nagle na segunda-feira (28). Ele ameaçou o país com a volta do AI-5, instrumento do arbítrio que fechou o Congresso, perseguiu a imprensa, restringiu a democracia e promoveu a tortura no Brasil.
Amplos setores da sociedade repudiaram as declarações do deputado bolsonarista e exigiram uma retratação do parlamentar. Agora, o presidente da Câmara exige explicações de Heleno pelo apoio à estupidez de Eduardo.
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