Uma aeronave foi destruída e dois homens foram presos em uma pista clandestina de garimpo ilegal, após desativação dos corredores aéreos nas terras indígenas Yanomami. A ação ocorreu na região de Surucucu, em Roraima, próximo à fronteira com a Venezuela, e foi divulgada pela Força Aérea Brasileira (FAB) na última sexta-feira (7).
Participaram da operação as Forças Armadas, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
A partir de ações de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (IVR), os agentes pousaram na pista, na noite de quinta-feira (6), em um helicóptero da Marinha do Brasil, utilizando um equipamento de visão noturna chamado NVG, do inglês, Night Vision Goggles.
Durante a operação, dois suspeitos foram presos e o avião de pequeno porte foi incendiado. Em seguida, a equipe retornou para Boa Vista, onde a dupla foi encaminhada às autoridades policiais competentes.
Os corredores aéreos nas terras indígenas Yanomami foram desativados às 21h na última quinta-feira (6). A decisão foi tomada para impedir o tráfego de aeronaves e forçar a saída de garimpeiros ilegais da região.
De acordo com a FAB, só é permitido o tráfego aéreo nessa região de aeronaves militares ou a serviço dos órgãos públicos envolvidos na Operação Yanomami, desde que previamente submetidas ao processo de autorização de voo.
PISTAS EMBARGADAS
Outra operação do Ibama e da PRF, realizada entre os dias de 23 de março a 4 de abril, para fiscalizar pistas de pouso e decolagem clandestinas usadas por garimpeiros na Terra Indígena (TI) Yanomami e distribuição irregular de combustível de aviação em Roraima resultou no embargo de 16 aeródromos.
Os agentes ambientais e policiais rodoviários apreenderam duas aeronaves com prefixos alterados, cerca de 14,3 toneladas de cassiterita e 8.720 litros de querosene de aviação.
Também foram apreendidas armas de fogo e munições, uma moto, um trator, R$ 5 mil em espécie e 871 kg de alimentos. A investigação aponta que quatro empresas comercializaram aproximadamente 1,5 milhão de litros de combustível de aviação irregularmente no estado. Os autos de infração aplicados aos estabelecimentos totalizam R$ 12,6 milhões.
A operação ocorre para fazer frente à mudança de estratégia dos garimpeiros após intensificação do controle de acesso à TI pelos rios Uraricoera e Mucajaí. Os criminosos passaram a usar o espaço aéreo como principal rota para transporte de suprimentos e retirada dos minérios extraídos ilegalmente dessas áreas.
Com aeronaves e viaturas, Ibama e PRF monitoraram a zona rural dos municípios de Iracema, Campos Novos, Mucajaí e Alto Alegre, em Roraima, para identificar as pistas de pouso e decolagem usadas na logística do garimpo ilegal.
Para o coordenador do Ibama na operação, André Rodrigues, a ação integrada resultou em maior eficiência das ações em razão do aumento do número de alvos e da diminuição dos riscos operacionais para a equipe. “A PRF foi fundamental na logística de retirada da cassiterita apreendida ao fornecer os caminhões”, disse.