Dois indicadores divulgados nesta semana na Síntese dos Indicadores Sociais (SIS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dão a dimensão do estrago que a política neoliberal de submissão à sanha dos monopólios e bancos está provocando no país. O primeiro mostra que em 2016, cerca de 25,8% dos jovens de 16 e 29 anos não estavam ocupados nem estudavam. Este percentual era de 22,7% em 2014. O segundo é que, em 2016, um quarto da população brasileira vive com renda de até R$ 387 por mês.
No grupo de jovens que está vendo seu futuro ser destruído pela ganância neoliberal estão 11,6 milhões de pessoas. Em 2012, esse grupo representava 22,8% dos jovens e somava 10,5 milhões de pessoas. O IBGE destacou que entre 2012 e 2014 se manteve estável o percentual de jovens que não estudavam nem estavam ocupados. O salto desta população se deu, justamente, entre 2014 e 2016, período que corresponde ao retorno de uma política mais acentuadamente pró-bancos, provocando uma grave crise econômica com consequente impacto no mercado de trabalho.
O crescimento dos que não encontram trabalho e nem conseguem estudar está diretamente relacionado ao aumento do desemprego no Brasil, que afetou mais fortemente os jovens. Entre 2012 e 2016, saltou de 4 milhões para 6,3 milhões o número de jovens com idade entre 16 e 29 anos desempregados no país. Isso representa, segundo o IBGE, um aumento de 57% do contingente de jovens desempregados e revela um dos principais efeitos da crise econômica pela qual passa o Brasil. Os dados revelam ainda que a população com mais de 16 anos cresceu apenas 6,5%, enquanto o contingente de desempregados aumentou 40,5%.
Apesar dos discursos demagógicos, feitos num passado recente, de supostas eliminações da pobreza, o que se viu nos últimos anos é uma piora acentuada das condiçõe sociais. O Brasil encerrou o ano de 2016 com 24,8 milhões de brasileiros vivendo com renda inferior a ¼ do salário mínimo por mês, o equivalente a R$ 220. O resultado representa um aumento de 53% na comparação com 2014, quando teve início a crise econômica no país.
O Brasil não tem uma linha oficial de pobreza; há diversas linhas que atendem a vários objetivos. Chega-se a 4,2% da população segundo o recorte de pobreza extrema do Bolsa Família (R$ 85 mensais), 6,5% no recorte de pobreza extrema global do Banco Mundial (U$1,9 por dia, equivalente a R$134 mensais) e 12,1% com um quarto de salário mínimo per capita. Recortes de pobreza mais altos incluem a população com até meio salário mínimo per capita (29,9%) e a linha do Banco Mundial que leva em conta o nível de desenvolvimento brasileiro (e da América Latina) de US$5,5 dólares por dia.
No Brasil, a linha de US$ 5,5 por dia (interessante para avaliar as condições de vida da população brasileira no espaço e entre grupos) correspondia a uma renda domiciliar per capita de R$387 por mês, o que colocava 25,4% da população brasileira na situação de pobreza em 2016. A maior incidência segundo a linha de 5,5 dólares por dia foi no Nordeste (43,5%) e no Norte (43,1%) e a menor no Sul (12,3%). Do total de pobres, 72,9% eram pretos ou pardos. Esses dados revelam como são fugazes os tão propalados programas sociais. Eles revelam também que o país só vai resolver efetivamente o problema da pobreza com o rompimento com a retomada do crescimento através de uma política econômica independente e soberana, liberta da parasitagem do sistema financeiro.