Um gesto da idosa israelense Yocheved Lifshitz, de 85 anos, em Gaza, ao ser entregue à Cruz Vermelha Internacional na terça-feira (24), após mediação do Qatar, chamou a atenção no mundo inteiro: ela fez questão de voltar para se despedir do guarda do Hamas com um aperto de mão.
Também foi libertada outra idosa, Nurit Cooper, de 79 anos. Curiosamente, Israel chegara a recusar a libertação de Lifshitz. Ao ser entrevistada no hospital Ichilov em Tel Aviv, ajudada pela filha, ela respondeu à pergunta de “por que apertou a mão do membro do Hamas?”. “Porque eles nos trataram muito bem”, explicou.
“Minha mãe esta dizendo que eles foram muito delicados e gentis com eles e cuidaram de todas as suas necessidades”, acrescentou a filha de Lifshitz. “Eles pareciam realmente preparados para isso, eles se prepararam por muito tempo, e cuidaram de todas as necessidades que as mulheres precisam, xampu, condicionador”.
Lifshitz, que vive no kibbutz de Nir Oz, havia se levada pelos membros do Hamas que invadiram o local no dia 7, e seu marido Oded, de 83 anos, também capturado, continua nos túneis de Gaza.
Ela revelou que os atacantes do Hamas “rebentaram a cerca eletrônica especial que custou US$ 2,5 bilhões mas que não serviu para nada”, invadiram as casas do Kibbutz, fizeram reféns, não faziam distinção entre jovens e idosos. Depois de dizer que no ato da captura ela sofreu um golpe que a deixou dolorida à atura da costela, acrescentou: “Levaram-nos para a entrada dos túneis e caminhamos durante quilômetros em terra molhada. Há um sistema gigante de túneis, como teias de aranha”.
A avó israelense acrescentou que, ao chegarem lá, lhes foi dito que “eram crentes do Alcorão, não nos fariam mal e viveríamos nas mesmas condições que eles nos túneis”. Foram levados a uma sala com 25 pessoas e, passadas duas ou três horas, “separaram cinco pessoas do meu kibbutz Nir Oz”.
Em declarações ao site de notícias israelita Walla, o filho de Lifshitz, Arnon, disse que a sua mãe tinha sido mantida “juntamente com outras 50-60 pessoas no mesmo local. Se todos estiverem na mesma situação, há espaço para o otimismo. Ela e o [meu] pai foram separados, ele estava noutro local, e esperamos que ele também regresse saudável o mais depressa possível”.
À Reuters, o neto de Liffshitz, Daniel, revelou que sua avo é uma ativista da paz que, juntamente com o marido, ajudou palestinos doentes em Gaza a chegar ao hospital durante anos. “São ativistas dos direitos humanos, ativistas da paz desde sempre”, disse o neto Daniel Lifshitz à Reuters em Telaviv, antes da confirmação da libertação.
“Durante mais de uma década, eles levaram… palestinos doentes da Faixa de Gaza, não da Cisjordânia, mas da Faixa de Gaza, todas as semanas, da fronteira de Erez para os hospitais em Israel, para receberem tratamento para as suas doenças, para o câncer, para qualquer coisa”, acrescentou.
A idosa relatou que lhes foi trazido um médico, que cuidou de quem precisava e forneceu medicamentos. De acordo com o seu depoimento, os reféns foram bem tratados. “Deitamo-nos em colchões e eles certificaram-se de que tudo era higiênico”, ela disse. “Certificavam-se de que não ficávamos doentes e tínhamos um médico conosco a cada dois ou três dias”.
Dirigindo-se aos meios de comunicação social no hospital, Lifshitz disse que um dos reféns que tinha caído da moto e ferido os braços e as pernas recebeu cuidados médicos. “O paramédico visitava-o todos os dias e limpava-o durante uma hora e meia. O médico mandou-lhe antibióticos, ao fim de quatro ou cinco dias ele ainda não estava melhor, por isso o médico mudou os antibióticos.Depois começou a melhorar”.
“Éramos cinco, e cada um de nós tinha alguém a guardá-lo”, acrescenta. “Tratavam-nos bem, cuidavam de todos os pormenores… da higiene feminina. Limpavam com Lysol nossos banheiros, para não apanharmos doenças, estavam preocupados com uma peste”.
Ainda segundo a narrativa do jornal Haaretz, quando lhe perguntaram se os raptores tentaram falar com os reféns, Lifshitz respondeu: “Dissemos a eles – nada de política. Mas eles falaram sobre todo o tipo de coisas. Eram muito simpáticos conosco”.
“Dividiram-nos em grupos, de acordo com o local de residência, e trataram de todas as nossas necessidades”, ela descreveu. “A seu favor, mantinham-nos muito limpos. Certificavam-se de que comíamos a mesma comida que eles: pão árabe com queijo branco, queijo fundido e pepino”.
A regressão sempre é avanço entre a humanidade. Precisamos mais pessoas com perfil dessas vovós. E também mais jovens com entendimento visionário inteligente e preparados feito qualquer envolvimento e captação do especuladores é bom sinalizar que a ganância é economicamente gerida por perfil sem fundamento. Gratidão sempre. Todos somos necessários