Em novembro, alimentos e bebidas responderam por 75% da inflação dos brasileiros de renda mais baixa, diz Ipea
Desde março deste ano os preços dos alimentos no domicílio seguem pressionando a inflação das classes mais pobres. Em novembro, o grupo “alimentos e bebidas” foi responsável, sozinho, por 75% da inflação da classe de renda muito baixa, segundo o Indicador Ipea da Inflação por Faixa de Renda divulgado nesta sexta-feira (11). O Ipea destacou as altas no arroz (6,3%), batata (29,7%), frango (5,2%), óleo de soja (9,2%) e carnes (6,5%).
Impactaram especialmente as famílias mais ricas, o grupo “transportes”, com os reajustes dos transportes por aplicativo (7,7%), da gasolina (1,6%) e do etanol (9,2%).
Segundo o Ipea, a taxa de inflação para as famílias de renda mais baixa (cujo rendimento familiar mensal é menor do que R$ 1.650,50) foi de 1% no mês.
A única faixa de renda que registrou desaceleração inflacionária foi a das famílias de renda mais alta (com rendimento domiciliar superior a R$ 16.509,66), cuja variação de preços caiu de 0,82% em outubro para 0,63% em novembro.
No acumulado de 2020, com a pandemia que levou à redução das atividades econômicas e a desaceleração nos preços dos serviços, a inflação das famílias de renda alta foi de 1,7%, bem menor do que a das famílias de menor poder aquisitivo que viram o preços dos alimentos disparar, pressionando o custo de vida dos mais pobres. A inflação das famílias de renda de menor poder aquisitivo foi de 4,6% de janeiro a novembro.
Durante os onze meses do ano, pesaram na cesta básica dos mais pobres: arroz (69,5%), feijão (40,8%), leite (25%), óleo de soja (94,1%), carnes (13,9%) e frango (14%). Enquanto isso, itens de maior peso para as famílias mais abastadas apresentaram deflações: passagem aérea (-35,3%), transporte por aplicativo (-16,8%), gasolina (-1,7%) e despesas com recreação (-1,1%).
O Ipea observa, na comparação com novembro de 2019, que enquanto a taxa de inflação da renda muito baixa aumentou 85%, o aumento na taxa do grupo de renda alta foi de 48%. A inflação das famílias mais pobres passou de 0,54% para 1,0%, enquanto as famílias mais ricas registraram uma pressão inflacionária de 0,43% para 0,63%.
“De dezembro de 2019 a novembro de 2020, houve aumento na inflação de todos os segmentos, sendo que taxa de inflação do segmento de renda mais baixa (5,8%) mantém sua trajetória de aceleração em ritmo superior àquela apontada na classe de renda mais alta (2,7%)”, diz o Ipea.