Flagrado em casos de corrupção milionária, o rei emérito de Espanha, Juan Carlos I, fugiu em um jatinho privado até Adu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, e não para a República Dominicana, assegurou nesta sexta-feira o jornal espanhol ABC. A Casa Real não quis confirmar seu destino, mas o jornal revelou que o plano de voo sofreu alteração para evitar rastreamentos.
Conforme o ABC, Juan Carlos, de 82 anos, teria deixado Vigo, na Galícia, noroeste do país europeu, acompanhado por quatro seguranças e seu assessor, desembarcando em um aeroporto executivo dos Emirados e seguido para o hotel Emirates Palace em um helicóptero. A segurança local foi fortalecida por homens do príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohamed bin Zayed Al Nahyan.
Juan Carlos havia abandonado o país na segunda-feira após ser aberta uma investigação contra ele, tanto na Espanha como na Suíça, por ter amealhado quantias fabulosas em paraísos fiscais, fruto, entre outras irregularidades, na construção do trem de velocidade (AVE) que une as cidades de Medina e La Meca.
Os escândalos das contas do rei emérito na Suíça e seus nababescos presentes a duas amantes já vinham colocando em xeque o futuro da monarquia – que se tornara, após a morte do ditador Franco, a saída para uma transição democrática, via Pacto de Moncloa.
“Agora, guiado pela certeza de prestar o melhor serviço aos espanhóis, às suas instituições e a ti [Felipe VI] como rei, comunico minha decisão de me mudar, neste momento, para fora da Espanha”, escreveu Juan Carlos em carta divulgada pela Casa Real, instituição responsável pela coroa espanhola.
Em um comunicado, a coroa respondeu que a decisão foi aceita pelo rei Felipe VI, que agradeceu e respeitou o pedido do pai. Segundo a Casa Real, o rei reconhece o legado de Juan Carlos I e reafirma os princípios e valores democráticos. Mas, como não podia ser diferente, cresce o clamor de “Fora com a monarquia”.
