Deputada responde a tentativa de cassação em ação movida pelo deputado Telhada. “Delegado justificou uma agressão na frente da minha equipe”, afirma
Na última quarta-feira (5) a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) abriu um processo que pede a cassação do mandato da deputada estadual Isa Penna (PCdoB) por falta de decoro.
O Conselho de Ética da Alesp aceitou por quatro votos a três a denúncia do deputado Coronel Telhada (PP), que acusa Penna de quebrar o decoro parlamentar ao cobrar veementemente o delegado de Registro.
Essa denúncia é relacionada à discussão, gravada em vídeo, em julho deste ano, da parlamentar com o delegado da Delegacia da Mulher de Registro, interior de São Paulo, Fernando Carvalho Gregório, por ele ter liberado o procurador Demétrius Oliveira de Macedo após cenas de agressões contra sua chefe serem registradas dentro da prefeitura da cidade.
Em entrevista ao portal Uol, Isa afirma que não se arrepende do que fez: “Aquela é uma cena que eu tenho orgulho”, afirma.
“Aquela cena que viralizou é apenas um pedaço do absurdo que estava acontecendo ali. Tivemos um flagrante e quando chegamos para filmar tinham 60 mulheres em frente a uma Delegacia da Mulher sem saber se seriam recebidas. Foi só quando eu cheguei que elas puderam entrar na delegacia. O delegado só apareceu depois da agressão”, disse.
Segundo ela, o delegado não registrou o caso da forma correta e ainda pediu para que ela se dirigisse para outra delegacia para fazer a denúncia. “Não foi uma questão de que eu fui para cima de alguém, e sim, de que minha equipe já tinha sido agredida e eu estava testemunhando um absurdo. Estava em uma delegacia da mulher onde mulheres eram impedidas de entrar, onde o delegado justificou uma agressão na frente da minha equipe”, conta.
A parlamentar não concorda que sua atitude seja classificada como quebra de decoro. “Para mim, a quebra de decoro seria ser omissa. Expressei minha indignação contra uma conduta que foge da legalidade, questionei o ponto de vista político e a forma como aquelas mulheres foram recebidas na delegacia. Foi uma reivindicação após uma revolta”, conta.
Ela, inclusive, diz ter orgulho do que fez naquele dia. “Não vai ser a cassação do Conselho de Ética que vai me fazer perder a noção dos motivos pelos quais me tornei deputada. Me elegi para defender o povo, se fosse para ficar na diplomacia eu seria diplomata”, disse. Isa prepara sua defesa onde constará também o B.O. da agressão.
O CASO
Penna foi à cidade de Registro, cidade a 187 km da capital, participar de um protesto contra a decisão do delegado Fernando Carvalho Gregório, que havia soltado o procurador Demétrius Oliveira de Macedo, que apareceu em um vídeo espancando uma colega de trabalho, a procuradora-chefe Gabriela Samadello Monteiro de Barros, dentro da prefeitura.
Um vídeo mostra o momento em que Macedo derruba Gabriela, dá socos e pontapés na procuradoria e a chama de “vagabunda” e “puta”. Depois de soltar o procurador, o delegado foi visitado por cerca de 60 mulheres, que protestaram contra a decisão. Penna foi ao município cobrar o delegado, quando também foi filmada.