Israel usou a reunião do Conselho de Segurança da Organização dos Nações Unidas (ONU) para escamotear seus crimes de guerra que agora já resultaram no assassinato de 8 mil civis palestinos em Gaza. O repsentante israelense, Gilad Erdan, ainda teve o desplante de pedir o apoio dos países ao massacre.
O representante israelense negou que o conflito, que foi discutido pelos países na segunda-feira (30), possa sequer ser considerado como “questão palestina”.
Gilad Erdan, em nome do governo de Israel, disse que o mundo está assistindo paralisado ao surgimento de uma força comparável aos nazistas. Neste ponto o embaixador pode ter razão, ao projetar sobre outrem sua própria ideologia racista e supremacista.
Em três semanas, Israel assassinou mais de 3.500 crianças com bombardeios incessantes e indiscriminados contra a Faixa de Gaza.
Depois de exigir a evacuação do norte de Gaza pelos palestinos, Israel está preparando sua entrada terrestre, isto é, com tanques de guerra e infantaria para avançar na limpeza étnica.
Em ato de arrogância e desrespeito aos países que participaram e votaram na Assembleia-Geral da ONU, na sexta-feira (27), o representante Israel não falou nada sobre o cessar-fogo que foi aprovado por 120 países contra 14. A resolução pede “trégua humanitária imediata, duradoura e sustentada”.
O único comentário feito por Gilad Erdan foi de que o dia da aprovação da resolução deve ser lembrado como “infame”. “As Nações Unidas não têm um pingo de legitimidade e relevância”, disse.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, declarou que “Israel não está disposto a um cessar-fogo”, porque isso significa “se render à barbárie e ao terrorismo”, coisa que são as forças armadas israelenses que estão perpetrando.
Além disso, justificou os bombardeios contra hospitais.
“Estão usando civis como escudos. Enquanto eles fizerem isso e a comunidade internacional continuar culpando Israel, eles vão continuar fazendo isso, vão continuar usando porões de hospitais em Gaza para espalhar sua rede de terror”.
ISRAEL QUER A CABEÇA DO SECRETÁRIO DA ONU
Antes disso, o representante israelense pediu que o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, renunciasse ao cargo por ter feito uma fala contextualizando o conflito e dizendo que “56 anos de sufocante ocupação por Israel precederam ataque do Hamas”
Guterres declarou que “é importante reconhecer que os atos do Hamas não aconteceram por acaso. O povo palestino foi submetido a 56 anos de uma ocupação sufocante. Eles viram suas terras serem brutalmente tomadas e varridas pela violência. A economia sofreu, as pessoas ficaram desabrigadas e suas casas foram demolidas”.
Israel considerou essa fala “chocante” e inaceitável.
ONU NA PALESTINA PEDE CESSAR-FOGO
Antes das falas dos países membros e observadores no Conselho de Segurança da ONU, o comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), Philippe Lazzarini, relatou como está a situação na Faixa de Gaza e fez um apelo para os países que aprovem um cessar-fogo e a possibilidade de entrada de ajuda humanitária.
Segundo o funcionário da ONU, a destruição causada por Israel “é sem precedentes, a tragédia humana que está acontecendo é insuportável”.
“Cerca de 70% das pessoas mortas são crianças e mulheres. 3.200 crianças foram mortas em Gaza em três semanas, o que supera o número de crianças mortas em zonas de conflito desde 2019. Isso não pode ser dano colateral”, comentou.
Israel está cometendo “punição coletiva” contra os palestinos, apontou.
Philippe Lazzarini reafirmou que, “em Gaza, não há nenhum lugar seguro”.
Enquanto exige a evacuação do norte da Faixa de Gaza, Israel também está bombardeando o sul, relatou.
“Igrejas, hospitais e construções da ONRWA não foram poupados. Muitas pessoas foram mortas e feridas quando procurando segurança em locais protegidos pela lei humanitária internacional”, disse.
O comissário-geral contou que 64 funcionários da ONU morreram pelos bombardeios e que “a última tragédia foi há duas horas”. Um homem chamado Samir, sua esposa e os filhos foram mortos pelas bombas de Israel.
“Os remédios estão acabando. Comida e água estão acabando. O combustível está acabando. O corte das comunicações acelerou a quebra da ordem civil
“Gaza tem dois milhões de habitantes, e metade deles são crianças. O povo de gaza é vibrante e educado, que sonha em ter uma vida normal. Mais do que nunca, o povo de gaza merece nossa empatia”, continuou.
“Precisamos imediatamente de um cessar-fogo humanitário”, argumentou.