Jair Bolsonaro se comparou com a ex-presidente da Bolívia, Jeanine Añez, que foi condenada e presa por ter dado um golpe contra a democracia no país, e expôs seu medo de ir parar na prisão caso não seja reeleito em outubro.
No sábado (11), quando saía de uma churrascaria em Orlando, nos Estados Unidos, ele reconheceu que tem medo de suas ameaças e atos golpistas o levarem para a cadeia, como aconteceu com Jeanine Añez.
“A turma dela perdeu [as eleições], voltou a turma do [ex-presidente] Evo Morales. O que aconteceu um ano atrás? Ela foi presa preventivamente. E agora foram confirmados 10 anos de cadeia para ela. Qual a acusação? Atos antidemocráticos”.
“Alguém faz alguma correlação com Alexandre de Moraes e os inquéritos por atos antidemocráticos? Ou seja, é uma ameaça para mim quando deixar o governo?”, continuou Bolsonaro, que se sente perseguido depois de ter ameaçado a democracia.
Em 2019, Jeanine Añez organizou um golpe de Estado que tirou Evo Morales da Presidência, tomando o cargo para si. No ano seguinte, seu grupo perdeu as eleições para Luis Arce, aliado de Morales. Na sexta-feira (10), Añez foi condenada a 10 anos de prisão.
O mesmo pode acontecer com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que criou instigou seus apoiadores a invadirem o Capitólio, em janeiro de 2021, para tentar permanecer no poder.
Uma Comissão criada no Congresso dos EUA para investigar a tentativa de golpe concluiu que a invasão ao Capitólio foi pensada com antecedência e organizada para impedir a passagem de poder para Joe Biden, que venceu as eleições contra Trump.
Jair Bolsonaro já insinuou diversas vezes que poderia dar um golpe caso suas vontades não fossem feitas, como o fim das investigações contra ele, seus familiares e amigos que cometeram crimes.
Em manifestação na Avenida Paulista, no dia 7 de setembro de 2021, Jair Bolsonaro falou que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, deveria “enquadrar” Alexandre de Moraes, que é o relator dos inquéritos dos atos antidemocráticos e das fake news, “ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”.
Disse ainda que não iria cumprir decisões de Moraes, em uma afronta direta à Constituição Federal e cometendo crimes de responsabilidade. Dois dias depois, assinou uma carta voltando atrás, com medo da reação.
Jair Bolsonaro atacou Alexandre de Moraes dizendo que ele poderia ser “um psicopata” ou ter “ligações” e “interesses” escusos por levar à frente o inquérito dos atos antidemocráticos.
“O que esse cara tem na cabeça? O que é que ele está ganhando com isso? Quais são seus interesses? Ele está ligado a quem? Ou é um psicopata? Ele tem um problema”, declarou.
No caso de Luís Roberto Barroso, ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro o chamou de “mau caráter” e “mentiroso”.
Ainda na viagem aos Estados Unidos, em que aproveitou a Cúpula das Américas, em Los Angeles, para fazer uma motociata com apoiadores em Orlando, Bolsonaro criticou o TSE com base em mentiras.
Ele disse que a Corte ignorou as sugestões e propostas enviadas pelas Forças Armadas para o processo eleitoral. Porém, das 15 propostas, 10 foram acolhidas, total ou parcialmente, quatro estão sendo estudadas para serem aplicadas em 2024 e apenas uma foi rejeitada.
Jair Bolsonaro ataca as urnas eletrônicas como forma de desmoralizar, com antecedência, o resultado negativo que sofrerá nas eleições. Todas as pesquisas eleitorais estão mostrando o ex-presidente Lula com vantagem no primeiro e no segundo turno e confirmam que Jair Bolsonaro é o candidato mais rejeitado entre os brasileiros.