Com fiasco do partido de Bolsonaro, o ex-condenado do mensalão viu oportunidade para vender seu partido
Integrante da tropa de choque (literalmente armada) de Bolsonaro, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, político já condenado e preso por corrupção, interveio na quinta-feira (17) em várias seções do partido para proibir coligações do PTB com desafetos do presidente. “Não vamos apoiar inimigo”, disse o ex-presidiário.
Ele aproveita o fracasso do “Aliança pelo Brasil” para oferecer o PTB como mais uma sigla da milícia bolsonarista.
Segundo um integrante da executiva nacional do PTB, o veto que atropelou os acordos locais proibiria a princípio apenas alianças com partidos de esquerda, mas Jefferson, para mostrar serviço ao Planalto, ampliou a restrição para legendas que sejam potenciais adversárias de Bolsonaro no Congresso e nas eleições em 2022.
Nesta ampliação foram barrados partidos como DEM e PSDB. “Não aceitamos coligação com partidos do Foro de São Paulo, PSDB, DEM”, disse ele.
Roberto Jefferson informou ainda a correligionários os motivos pelos quais o partido não vai apoiar o DEM, sigla de Maia e Alcolumbre, a quem chama de ‘bandidos e vagabundos’. “Partido de Rodrigo Maia e (Davi) Alcolumbre (ambos do DEM) não dá para o PTB. São dois bandidos e vagabundos. Não vamos apoiar partido que é inimigo do Bolsonaro”, disse o dirigente.
Jefferson já havia atropelado a direção do PTB de São Paulo ao promover a intervenção nas decisões na capital paulista na última quarta-feira, quando obrigou a saída da disputa de Marcos da Costa, ex-presidente da OAB-SP, para colocar o partido na vice do deputado Celso Russomanno (Republicanos). A articulação nesse caso passou pelo próprio presidente da República, que telefonou para o presidente estadual do PTB, Campos Machado, pouco antes do início da convenção do partido em São Paulo.
Jefferson anulou também as convenções partidárias nas cidades onde a sigla apoiaria candidatos de legendas que não seguem a cartilha do Palácio do Planalto. São elas Bernardo do Campo, Osasco e Presidente Prudente, em São Paulo, Salvador (BA) e Fortaleza (CE). Com o fracasso da criação de seu novo partido, Bolsonaro e família tentam se aproveitar de legendas de aluguel como a comandada por Roberto Jefferson.
No Estado, o objetivo de Bolsonaro e Jefferson é combater a reeleição de Bruno Covas, do PSDB. Em São Bernardo do Campo e em Osasco, o PTB havia indicado os candidatos a vice de Luiz Marinho e Emídio Souza, ambos do PT. Em Presidente Prudente, o partido comporia chapa com Laércio Alcântara, do DEM. Em Salvador, a sigla de Jefferson apoiaria Bruno Reis, também do DEM, e, em Fortaleza, estaria com Luizianne Lins, do PT.