Um dia depois de a mídia imperial derramar lágrimas e comentários sobre o jornalista russo que “fugira de Putin” e fora “assassinado em Kiev com um tiro pelas costas”, o planeta testemunhou sua surpreendente ressurreição: Arkady Babchenko reapareceu vivo, e explicando que foi tudo ideia dos serviços secretos de Poroshenko para protegê-lo.
Até a mídia russa havia acreditado na farsa e nem sua esposa fora poupada. A mídia russófoba se sentiu um tanto prejudicada, com o Guardian descrevendo como uma coletiva de imprensa supostamente sobre a “investigação do assassinato” se tornou na reaparição da “própria vítima, sorridente e não muito morta”.
Que situação. Na Casa dos Jornalistas em Moscou, placa memorial homenageando Babchenko foi arrancada e jogada no lixo. Obituários foram tirados da internet às pressas.
Ainda o decepcionado Guardian, tentando remendar o desastre: “o corajoso, controverso e contrário jornalista Arkady Babchenko não tinha sido baleado pelas costas por um assassino, como autoridades do governo ucraniano e fotos horríveis vazadas tinham levado todos a acreditar. De fato, ele tinha encenado sua própria morte como parte de uma operação top-secret dos serviços de segurança ucranianos para pegar os que seriam reais matadores operando sob ordens de Moscou”.
Até o jornal londrino se pergunta “se tapear o mundo por um dia inteiro era realmente a única forma possível de executar essa operação especial misteriosa”. No Twitter, alguém postou que “na próxima vez que você me mostrar fotos da Síria de parte dos Capacetes Brancos, eu vou mostrar a foto de ‘o morto Arkady Babchenko, que Putin matou”.
E o vexame não para. “Em meia hora eu deveria estar enviando a capa para a impressão com Babchenko morto e um artigo dentro. O que eu vou pôr na capa agora? Que Babchenko está vivo?”, postou no Facebook Vitaly Sych, editor de uma revista ucraniana semanal, Novoye Vremya. “Quem fez isso? É bom, certamente, que esteja vivo. É meio esquisito”.