O deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG), que almeja disputar a Prefeitura de Belo Horizonte, afirmou no sábado (14), em entrevista ao Metrópoles, que o país deve superar a polarização atual na política brasileira. “Não haverá união dos partidos de esquerda no Brasil com o PT sob a bandeira da campanha Lula Livre”, disse.
“Isso (Lula Livre), para nós, é uma coisa considerada ultrapassada. Nós reconhecemos a liderança do Lula. Nós reconhecemos o papel que ele teve no pagamento da dívida social que tivemos por um período, mas também reconhecemos seus equívocos no final de seu governo. Os equívocos de ordem ética, moral no governo Lula e foram sequenciados no governo Dilma”, destacou o deputado.
O deputado, que está de mudança de domicílio eleitoral, de Juiz de Fora para a capital mineira, mantém o tom crítico ao que classifica de equívocos cometidos pelo PT e considera que a luta pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba pela Operação Lava Jato, mais divide que une os partidos de esquerda. “Essa bandeira do Lula Livre é uma bandeira do PT. A gente não pode querer participar de movimentos em que esta bandeira esteja preponderante”, observou.
Na entrevista, Delgado apontou ainda a tendência do PSB de seguir mais na linha de um candidato outsider para 2022, em vez de apostar na polaridade entre esquerda e direita. “Nós podemos ter um outsider, que pode ainda ser construído”, disse. “Que ele tenha um sentimento mais social, mesmo que não seja de esquerda, mas que tenha um comprometimento com as causas sociais, que são as causas do PSB”, destacou.
Delgado falou também sobre mineração e dos ataques de Bolsonaro ao meio ambiente. Ele foi relator da comissão externa da Câmara que visitou Brumadinho logo após o rompimento da barragem da mineradora Vale, acidente que vitimou mais de 300 pessoas, e também é presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que funciona na Casa e que está em fase de conclusão.
O deputado defende mais rigor com os licenciamentos ambientais para a mineração, que, a seu ver, precisam passar pelo Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente). Ele ainda considera absurda a defesa por parte do presidente Bolsonaro da liberação de atividade mineradora em terras indígenas.
“Admitir mineração em áreas indígenas, você não só está tirando uma área de preservação, como está tirando patrimônio dos índios”, argumentou. “Essa exploração será feita por uma empresa privada que tem o único objetivo de obter lucro”, ponderou.