
“A desaceleração da atividade econômica, refletida no PIB do terceiro trimestre de 2024, ficou mais forte no quarto trimestre de 2024, uma vez que a economia cresceu apenas 0,2% em relação aos três meses anteriores”
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou que a elevação da taxa básica de juros (Selic) para 14,25% pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, nesta quarta-feira (19), “não é necessária para controlar a inflação e prejudicará o ritmo de crescimento da economia”.
“O nível atual da Selic, que implica taxa de juros real de 8,5% a.a. (3,5 p.p. acima da taxa neutra estimada pelo Banco Central), já tem impactado fortemente a economia, que apresenta desaceleração mais aguda do que a prevista, tanto pela CNI, como por diversos analistas econômicos. Essa desaceleração intensa da economia já seria suficiente para controlar a inflação”, afirmou Ricardo Alban, presidente da CNI.
Em nota, a CNI destaca que “a perda de fôlego econômico já influencia as expectativas em torno da inflação. De acordo com a pesquisa Focus, do Banco Central, a inflação esperada para os próximos 12 meses passou de 5,49%, na mediana apurada em 28 de fevereiro, para 5,23%, na mediana apurada em 14 de março. O ponto central da mudança foi o PIB do último trimestre de 2024, que cresceu bem abaixo do esperado”.
Além disso, diz a entidade, “o aperto monetário em curso já se traduz em aumento efetivo da taxa de juros dos tomadores de crédito. Em setembro de 2024, quando o Copom começou a aumentar a Selic, a taxa de juros média era de 27,54% a.a. Em janeiro de 2025, passou para 29,82% a.a.”.
A CNI ressalta que os efeitos das quatro altas da Selic sequer tinham se materializado plenamente, uma vez que há uma defasagem temporal entre a alteração nos juros básicos e o impacto na economia.
“Juros mais altos significam crédito mais caro para as empresas e os consumidores. No caso das empresas, inviabilizam investimentos e dificultam o acesso a recursos de capital de giro essenciais para as necessidades do dia a dia. Com isso, as empresas crescem menos e criam menos empregos, prejudicando a população. No caso dos consumidores, os juros altos encarecem o custo de aquisição de muitos bens, sobretudo os duráveis de maior valor, como automóveis e eletrodomésticos, por exemplo, que costumam depender de financiamento”.
Por fim, segue a CNI, “a desaceleração da atividade econômica tende a ser potencializada pelo menor ritmo de expansão da política fiscal e pela desaceleração do mercado de trabalho em 2025”.
“A desaceleração da atividade econômica, refletida no PIB do terceiro trimestre de 2024, ficou mais forte no quarto trimestre de 2024, uma vez que a economia cresceu apenas 0,2% em relação aos três meses anteriores. Outro resultado preocupante foi o recuo de 1% no consumo das famílias, algo que não ocorria desde o segundo trimestre de 2021”, diz a entidade.
Para a CNI, “os primeiros dados de 2025 não são animadores. Após cair por três meses consecutivos, entre outubro e dezembro de 2024, período em que acumulou queda de 1,2%, a produção industrial se estagnou em janeiro de 2025, frente a dezembro de 2024”.
Leia a nota da CNI aqui