O juiz Gustavo Germano Francisco Arguello, da 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu (PR), cobrou urgência na conclusão da perícia no celular do policial penal bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho. O agente foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio qualificado pelo assassinato do guarda municipal e tesoureiro do PT, Marcelo Arruda, no último dia 9 de Julho.
De acordo com informações do UOL, em um despacho assinado na segunda-feira (25), o juiz dá um prazo de dois dias para que as autoridades forneçam informações sobre a elaboração do laudo. O prazo em questão encerra nesta quarta-feira (27).
Ainda segundo a publicação, a Justiça aguarda também a conclusão de exame de leitura labial em um vídeo da ocorrência para saber o que o atirador e a vítima disseram na cena do crime. O prazo para a conclusão desses laudos acaba na sexta-feira (29).
O Instituto de Criminalística do Paraná já realizou laudo de confronto balístico, que concluiu que Guaranho deu três tiros contra Arruda, que morreu por conta de um disparo no peito. O petista, por sua vez, reagiu com 13 tiros contra o policial penal.
O confronto balístico constatou ainda que as pistolas semiautomáticas de Guaranho e Arruda estavam em perfeito estado de funcionamento. O documento é ilustrado por 20 fotos, incluindo imagens das armas, dos estojos e dos projéteis encontrados no local do crime.
O material apreendido foi armazenado em envelopes plásticos lacrados, sob a custódia da Polícia Civil do Paraná.
Já o laudo do local do crime descartou a possibilidade de o carro do atirador ter sido atingido por pedradas, versão sustentada em depoimento pela esposa do réu.
RELATÓRIO
Uma comissão parlamentar criada na Assembleia Legislativa do Paraná para acompanhar o caso encaminhou ontem um relatório à Secretaria Estadual da Segurança Pública cobrando celeridade nas perícias no celular de Guaranho e de leitura labial com base nas imagens captadas no local do crime.
No documento, elaborado após diligências feitas entre os dias 18 e 19 de julho em Foz do Iguaçu e na capital Curitiba, os parlamentares também pedem medidas protetivas voltadas à família da vítima e testemunhas do caso.
“Foi um ataque contra a vida, motivado por intolerância política”, observou o deputado Arilson Chiorato (PT), membro da comissão.
O relatório ainda solicita à secretaria a criação de uma força-tarefa voltada a casos de crimes cometidos por motivação política, incluindo o monitoramento de ataques na internet.
“Ameaças de natureza política não podem ser consideradas meras ‘piadas’ ou brincadeiras'”, cita um dos trechos do documento.
Ainda, a Justiça do Paraná deu prazo de dez dias, contados desde a última quinta-feira (21), para que Guaranho se defender. “O quadro de saúde dele é estável. Vamos esperar pela alta médica para que ele seja interrogado”, disse o promotor Tiago Mendonça Lisboa.
O promotor reafirmou ver motivação política no assassinato. Contudo, diferencia o caso de um crime político, previsto na Lei de Segurança Nacional – revogada no ano passado – pois esta representava um atentado contra o Estado democrático de Direito.
O entendimento do MP diverge da conclusão do inquérito elaborado pela Polícia Civil do Paraná. A delegada Camila Cecconello indiciou Guaranho por homicídio qualificado por motivo torpe e por causar risco a outras pessoas.
O atirador foi denunciado na quarta-feira (20) por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e perigo comum, com pena que pode variar de 12 a 30 anos de prisão.