De surpresa, os líderes das duas partes da Coreia, Kim Jong Un (norte) e Moon Jae-in (sul), reuniram-se em Panmunjon, na zona desmilitarizada, onde trocaram pontos de vista sobre como avançar na realização da cúpula Coreia do Norte-EUA, na busca da assinatura da paz definitiva, na reconciliação intercoreana e na desnuclearização da península. O encontro deste sábado (26) foi o segundo entre os dois líderes coreanos no período de um mês, e foi marcado por extrema cordialidade, com Kim e Moon trocando um forte abraço.
Segundo a agência de notícias do norte, KCNA, Kim manifestou sua “firme vontade” em tenham lugar as históricas conversações com os EUA” e agradeceu a Moon “pelo grande empenho realizado por ele para que se celebre a cúpula Coreia do Norte-Estados Unidos programada para 12 de junho em Cingapura”. O líder do sul, por sua vez, disse a Kim que espera que a cúpula com Trump encerre a história de confrontação.
Ainda de acordo com a KCNA, Kim e Moon consideraram amplamente satisfatório o consenso a que chegaram com relação a garantir a cúpula e reiteraram sua posição de “fazer esforços conjuntos para a desnuclearização da península”. As duas partes da Coreia anunciaram que irão realizar conversações de alto nível em 1º de junho (próxima sexta-feira), sendo que Kim e Moon decidiram que irão se encontrar com frequência.
O porta-voz da Casa Azul – o palácio de governo do sul – afirmou que o encontro centrou-se em “como fazer a cúpula Coreia do Norte-EUA bem sucedida e sobre como implementar a declaração de um tratado de paz”, que encerre formalmente o estado de guerra e substitua o armistício ‘provisório’ que já dura 70 anos.
A cúpula Coreia do Norte-EUA chegou a ser desmarcada na quinta-feira por Trump, após Pyongyang reagir a declarações provocativas de parte de integrantes do governo norte-americano – o conselheiro de segurança nacional John Bolton e o vice-presidente Mike Pence – sobre a desnuclearização “no modelo da Líbia” e ao envio de bombardeiros estratégicos B-52 para o exercício militar no sul Max Thunder. Na Líbia, o encerramento do programa nuclear foi seguido pela traição do acordo, bombardeio e destruição do país, que está no caos até agora, e assassinato do líder Kadafi – assim, não era o norte que estava sendo “hostil” ao brecar esse tipo de ‘enfoque’.
Horas antes do anúncio de recuo de Trump, a Coreia Popular (norte) havia, na presença de jornalistas estrangeiros, destruído, como prometera, seu único polígono de testes nucleares em uma região montanhosa do país. A resposta serena de Pyongyang, manifestando a disposição de discussão, “cara a cara, a qualquer momento, e em qualquer lugar”, acabaram por criar o clima propício à retomada dos esforços pela realização da cúpula Kim-Trump.
Na sexta-feira, após o pronunciamento do governo Kim sobre seu compromisso na manutenção da cúpula com os EUA, o próprio Trump divulgou que a reunião – a primeira entre os líderes da Coreia do Norte e dos EUA da história – ainda poderia vir a acontecer. “Nós estamos falando com eles agora. Eles querem muito fazê-la. Nós gostaríamos de fazê-la”, disse Trump na Casa Branca a jornalistas.
Ele tuitou depois que “conversas muito produtivas” estavam em andamento, avaliando que a cúpula pode ser mantida no 12 de junho, e em Cingapura, mas caso necessário a data poderá ser estendida. China, Rússia, França e a secretaria-geral da ONU haviam se manifestado a favor da superação do impasse e conclamado à realização da cúpula.
A.P.