A 9ª edição da entrega da Medalha Theodosina Ribeiro, iniciativa do mandato da deputada estadual Leci Brandão (PCdoB), reuniu mulheres e entidades femininas líderes dos movimentos por direitos sociais na Assembleia Legislativa de São Paulo, nesta sexta-feira (10).
No evento, Leci Brandão homenageou 20 mulheres entre sindicalistas, educadoras, advogadas, vereadores e ex-vereadoras, esportistas e mulheres ativistas dos mais distintos setores. A solenidade, que contou ainda com a presença da neta de Dra. Theodosina, Thamise Ribeiro, homenageou também a cantora Elza Soares, falecida em janeiro de 2022.
“O período que nos afastou por conta da pandemia, escancarou o quanto nosso povo está vulnerável. Parte da resistência a situações de miserabilidade, pobreza e preconceito veio de mulheres que se destacaram por ser extremamente conscientes nas questões sociais e políticas. São mulheres de fibra, mulheres que desempenham papel fundamental na luta por moradia, emprego, comida na mesa, direitos sociais, políticos e econômicos. Assim como fizeram Elza Soares e Dra. Theodosina, celebramos a vida de 20 ativistas da luta por igualdade”, disse Leci.
Uma das homenageadas pela deputada foi a ex-vereadora da capital por três mandatos, Lídia Correia. Com atuação desde o combate à ditadura militar, passando por entidades como a Federação Paulista de Mulheres (FMP), Confederação de Mulheres do Brasil (CMB) e União Brasileira de Mulheres (UBM), Lídia teve importante papel nos mutirões de casa própria que aglutinou centenas de mulheres em diferentes regiões da capital. Atualmente, coordena o movimento de combate à carestia na cidade.
“JUROS ABUSIVOS”
“Tivemos muitas conquistas recentemente, crescemos nossa atuação na sociedade, mas ainda temos que lutar muito para que nosso país tenha uma política de desenvolvimento, de investimento em emprego, indústria, salário, e condições de vida para transformar a sociedade. Uma luta contra esses juros abusivos que consomem recursos da nação, que poderiam estar indo para o social. Nós precisamos lutar contra essa carestia. O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo e nós pagamos o olho da cara na carne, pagamos o olho da cara por produtos fundamentais”, ressaltou.
Como vereadora, Lídia Correia foi responsável pela lei que garantiu o atendimento prioritário às gestantes e idosos nos serviços públicos, proibição de veiculação de publicidade de armas de fogo, oficialização do Hino à Negritude na cidade, luta pela construção de hospitais e melhoria dos postos de saúde. “Vencemos a luta em defesa da democracia, com grandes dificuldades, enfrentando mil barreiras e nós vencemos. Agora é lutar para que tenhamos uma política de investimento em emprego, salário, creches, saúde, como poucas nações no mundo têm condições”, concluiu Lídia.
Também homenageada, Celeste da Silva Galvão, diretora executiva e coordenadora da União Brasileira de Mulheres em São Paulo, lembrou dos avanços que a população negra conquistou no combate ao racismo e a conquistas de espaços como o da Alesp. “Na minha adolescência, nem podíamos passar por um lugar como este, não podíamos passar em frente a uma loja. Agora, demos um passo para que a gente possa estar aqui hoje nesse lugar tão importante de muitas conquistas e muitas lutas. Quero agradecer à UBM e à Unegro, que me ensinaram que não podemos abaixar a cabeça. E ao meu partido, o PCdoB. Tenho orgulho enorme de ser uma mulher filiada ao PCdoB. Ser comunista para mim, é ser vida”.
LUTA POR MORADIA
Dona Arlete, dirigente do movimento por moradia, falou sobre a recente conquista de 192 apartamentos no bairro na região da Juá Mirim para famílias de baixa renda. “Uma das lutas mais ferrenhas e mais tristes que tem nas comunidades é a luta por moradia. A moradia é a base de tudo, é a dignidade da pessoa, então ela tem que ser vista pelos parlamentares”.
“Eu estou aqui do lado da minha rainha (Leci Brandão) e peço a ela que abra os olhos – eu sei que ela tem um trabalho maravilhoso, uma deputada maravilhosa que pega os pontos chave da população, sua necessidade – então, já que estou aqui, e que tem na mesa outras deputadas, peço que abram os olhos para a necessidade da população periférica sem moradia e da população em situação de rua. Ontem passei pela Praça da Sé e vi muitas crianças em situação de rua com semblante de estarem sob efeito de drogas. Nós, lideranças comunitárias, temos que olhar para essa questão. Estamos perdendo muitos jovens para as drogas, então esse também é nosso dever”.
THEODOSINA
Theodosina Rosário Ribeiro nasceu em 29 de maio de 1930, em Barretos. Formada em direito pela FMU e em filosofia pela Universidade de Mogi das Cruzes, foi a primeira vereadora negra da Câmara Municipal de São Paulo, em 1970, e a primeira deputada negra da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, em 1974. Na Alesp, ocupou o cargo de vice-presidente ao longo de três legislaturas. Theodosina morreu em 22 de abril de 2020, em São Paulo.
Junto com Leci, compuseram a mesa a solenidade as deputadas Thainara Faria (PT); Ediane Maria (PSOL); Marina Helou (Rede); Professora Bebel (PT); e Renata Rosa, representando o PCdoB.
HOMENAGEADAS
Entre as homenageadas estavam também:
Francisca Pereira da Rocha Seixas, professora de História e advogada; Rosa Maria Anacleto, administradora e vice-presidente da União Dos Negros e Negras Pela Igualdade; Veronica Machado, empreendedora e ativista social, fundadora da ONG Mensageiros da Esperança e do Centro de Capacitações; Nazaré Batista Braga, formada em Direito e defensora do direito das mulheres; Taise Braz, administradora de empresas, especialista da RH, professora e estudante de Pedagogia; Eliane Pinheiro Belfort Mattos, empresária e fundadora da Associação Mulheres Progressistas; Marisa Fernandes, mestre em História Social; Andrea Romaoli Garcia, titular com mandato no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas na defesa dos direitos dos povos africanos e caribenhos; Elizabete Umbelino – Ya Monadeosi, doutora em Linguística e professora aposentada; Elizandra Souza, poeta, periférica, jornalista, escritora; Caroline Jango, pedagoga, mestre e doutora em Educação; Jovita De Moraes Marques, fundadora e presidente de honra da Associação Dona Jô – Pró-Moradia; Iyá Marisa de Oyá, dirigente do Ilê Asé Oyá Mesan Orun, sacerdotisa e ativista pelos direitos das mulheres negras, dra. honoris causa, conselheira da Ocupação Cultural; Clodd Dias, mulher trans, militante feminista, poeta, artista, atriz de teatro e cinema, intérprete e membra do Coletivo Amigas do Samba; ONG Rosas Negras – representante: Gilda Brasileiro, professora de química e física e historiadora; Cris Gambaré, diretora do time de Futebol feminino do Corinthians e Maura Rita De Oliveira, coordenadora estadual de logística da CUFA (Central Única das Favelas).