Jair Bolsonaro e sua ministra da Agricultura, Tereza Cristina, assinaram um decreto liberando a expansão do plantio de cana-de-açúcar para as regiões da Amazônia e do Pantanal. O fim do zoneamento ambiental da cana-de-açúcar faz mal ao meio ambiente e a economia, argumentam cientistas e ambientalistas.
Para a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, “não adianta querer culpar governos anteriores pela destruição do patrimônio natural brasileiro”, como Bolsonaro vinha fazendo, “[estas] são medidas muito graves que estão sendo tomadas agora”.
Os pesquisadores Philip Fearnside, biólogo norte-americano, premiado com o Nobel da Paz em 2007, e Lucas Ferrante, doutorando em Ecologia no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), apontam que o avanço da “cana-de-açúcar na Amazônia e Pantanal irá gerar impactos sem precedentes”.
“Esta medida ameaça drasticamente estes biomas, afetando a biodiversidade e serviços ecossistêmicos, com impacto que se estende a outras áreas do país”, afirmam.
“Em médio e longo prazo, a perda florestal ameaçaria a própria produção agrícola e de biocombustíveis do Brasil, sendo a área com maior produção agrícola localizada no sul e sudeste do País, que depende do vapor de água da região amazônica”, argumentam os cientistas.
Os apoiadores da decisão de Jair Bolsonaro argumentam que a nova Política de Biocombustíveis, a Renovabio, “seria suficiente para mitigar esses impactos”. Philip e Lucas sustentam que essa “é uma afirmação fantasiosa e delirante e não apenas sem nenhum respaldo cientifico, mas o contrario do que a ciência tem mostrado”.
“Se essa liberação não for revogada, para o bem do setor, de forma alguma podemos considerar que os biocombustíveis brasileiros são ‘limpos’ e não estejam associados a uma cadeia de desmatamento e degradação ambiental da Amazônia”, disse Lucas.
Os dados “já têm demonstrado que as plantações de cana-de-açúcar ameaçam a biodiversidade, com seus efeitos se estendendo além das áreas cultivadas até as florestas adjacentes”.
O zoneamento é o que garante com que o plantio de cana-de-açúcar do Mercosul seja considerado de baixo impacto e tenha uma cota de 850 milhões de litros a ser importada anualmente pela União Européia.