“Os bolsonaristas querem voltar à idade da pedra. Querem o papel para contar na mesa de apuração. São métodos, visões e cabeças diferentes”, disse Carlos Lupi, presidente do PDT
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), decidiu pautar para terça-feira (10) a votação no Plenário da PEC para voltar com o voto impresso.
“Nós temos hoje uma média de 15 a 16 partidos contra o voto impresso ou auditável na Câmara e, com essa perspectiva, eu penso que as chances de aprovação podem ser poucas”, avaliou Lira.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/19 já foi rejeitada na comissão especial formada para analisá-la, por 23 votos contra 11.
Para o voto impresso ser aprovado no Plenário, pelo menos 308 dos 513 deputados federais precisam votar a favor.
Até agora, 15 partidos já falaram publicamente que são contrários à proposta do governo Bolsonaro. Ao todo, esses partidos somam 330 deputados. Sobram apenas 183 deputados que não se sabe como votariam.
Os partidos que se pronunciaram são: PSDB, DEM, PSD, MDB, PL, Avante, Solidariedade, Cidadania, PSB, PDT, PT, PSol, PV, PCdoB e Rede.
A avaliação das legendas é que estabelecer o voto impresso com contagem pública de cada uma das cédulas, da maneira que era feito antes das urnas eletrônicas, é um retrocesso para a democracia pois, ao invés de impedir, estimula as fraudes.
“Os bolsonaristas querem voltar à idade da pedra. Querem o papel para contar na mesa de apuração. São métodos, visões e cabeças diferentes”, disse Carlos Lupi, presidente do PDT, partido que sempre defendeu o voto impresso, mas, agora, está orientando a bancada a votar contra a PEC que ganhou a marca do bolsonarismo.
Até agora, apenas o PSL, PROS, PSC e PTB se posicionaram a favor da PEC. Juntos, eles somam 86 deputados. Mesmo assim, diversos deputados do PSL já falaram que não vão votar pela aprovação.
Jair Bolsonaro ameaçou a democracia para defender seu projeto. Ele disse, sem apresentar nenhuma prova, que as eleições presidenciais de 2014 e 2018 foram fraudadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O presidente da Câmara, Arthur Lira, já disse que não participará de nenhum movimento golpista.
“Não contem comigo com qualquer movimento que rompa ou macule a independência e a harmonia entre os poderes. Ainda mais, como chefe do poder que mais representa a vontade do povo brasileiro. Esse é meu papel, e não fugirei jamais desse compromisso histórico e eterno”, afirmou.