Luana, com o amigo brasileiro Diego, mostra neste episódio aspectos importantes da cultura chinesa com sua live nesta tradicional feira. Jornalista e tradutora, Luana aprecia a música brasileira. Veja a live no vídeo acima e sua interpretação da canção “Samba de Verão”, logo abaixo.
Luana Xing, a Luana em Pequim, desta vez levou seu amigo brasileiro, Diego, um gaúcho que mora na capital chinesa há quatro anos, para uma feira tradicional em uma vila de Xiamen, uma cidade de dois milhões de habitantes, na província de Fujian, sudeste da China.
“Muito especial esta feira!”: só acontece em dias terminados em 1 ou 6, conta Luana. Na primeira banca, é Diego quem pergunta: isso é uma linguiça? Era. De ovo. Ovo de pato. “Bom e salgadinho”.
Eles engrenam uma sessão ‘senta que lá vem história’. Para resumir, era coisa da antiga, de um família muito rica que queria dar um banquete, um gato entrou e deixou o cozinheiro sem o ingrediente principal. No sufoco, ele resolveu substituiu o peixe por tofu. Caiu no gosto dos convivas, o cozinheiro escapou da punição – e estava inventado o tofu.
Mais adiante, mais iguarias. Pato defumado. Nossa! É Uma delícia! É muito, muito bom! “Chama-se pato de Xiamen”, Luana faz a apresentação. Macarrão, muito macarrão. O bolinho doce provado no dia anterior. “Esse aqui é de alga, é Xiaomã. Culinária cantonesa”.
A seguir, um monte de ervas tradicionais, raiz, pimenta – uma que não tem no Brasil -, inhame. Usadas para fazer sopa. “Tinha uma que estava naquela sopa de pato que a gente comeu”, recorda Diego.
Ah, as frutas. Lichia bem docinha. Tem aquela fruta do Dragão, se anima Diego. Dois tipos, uma que é branca por dentro, e uma que é cor de rosa. É uma das minhas favoritas, eu conheci aqui, na China [pitaia]. “Não tem no Brasil?”, pergunta Luana. “Quando eu estava lá, não tinha, agora pode ser que tenha”.
“As feiras no Brasil têm pastel, isso aqui parece uma banquinha de pastel, mas acho que ele está fazendo uma outra coisa”, observa Diego. “Ele está fazendo aquele pãozinho ali, ô. Tem aquele molhinho de pimenta em cima, tem cebolinha, gergelim”. “É da minha terra natal, o molho é delicioso”, revela Luana.
Mais adiante, artefatos feitos de bambu. “Olha ali! Uma cadeira”, se anima Luana. “O legal é que ela é de balanço e ainda faz massagem nos pés”, aponta Diego.
No Brasil tem também este tipo de feira?, indaga Luana. “Tem, com outras coisas diferentes, frutas, não estas aqui, outras”, diz o amigo. “O maracujá do Brasil é bem maior do que o daqui, que é pequenininho, tamanho de um ovo”. Mesma coisa com o abacate.
Hora das especiarias. Canela. Isso aqui a gente coloca no feijão, no Brasil, é louro. Anis, algas, peixe seco. “Isso aqui é dos meus favoritos para colocar no Wonton recheado com camarão”.
Mais algas: “essa é a receita da minha mãe”, confessa Luana. “É aquela que você já viu, de ervas, gelatina de ervas”. Bem doce. “Mas, está bom porque está quente, gente”, assunta Diego.
Os palpites dos internautas puxam mais comentários de Luana e do amigo brasileiro. “Saudades de andar, comer, passear, com caldo de cana na feirinha?”, lê Luana, que pergunta o que é “caldo de cana?”. É esclarecida de que é a cana de açúcar, que é espremida, muito doce, muito bom.
“Aqui não tem pastel, mas tem esse monte de salgados que a gente viu”, aponta Diego, que se lembra do sanduíche delicioso de mortadela do Mercado Municipal de São Paulo. “O que é mortadela?”, se interessa Luana. É como se fosse um presunto, quase; Diego não lembra se tinha ou não tinha queijo no sanduíche. “Só lembro que tinha um tanto assim de mortadela dentro do sanduíche. É muita mortadela!”
O churrasco entra em pauta, assunto para gaúcho nenhum botar defeito. “Vocês fazem churrasco em casa mesmo?”. Todo o domingo. Bem, quase todo domingo. Diego explica que no Rio Grande do Sul a maioria das casas já tem uma churrasqueira embutida na sacada ou na cozinha.
Eles trocam ideias sobre o clima. “Quantos graus faz quando lá quando vocês acham que está muito frio?”, indaga Luana, sobre o Rio Grande do Sul. “Uns 8”. A jovem chinesa se espanta: “para mim, 8 graus não é nada”. E conta que na sua terra natal frio é menos 25 graus. “Menos 25”, repete Diego.
Mais uma mensagem: O Brasil inteiro come churrasco. E a pergunta: Qual é o prato mais tradicional aí na China? “O que você acha?”, Luana consulta Diego. “Porque, para mim, todos são…”. “Tradicionais”, complementa o amigo. Ele diz preferir gyozas (ravióli chinês), cozido no vapor, na água, frito, de todo jeito.
Um comentário desde Almirante Tamandaré, no Paraná, de que Luana “não vai” gostar do Brasil é contestado prontamente por Diego. “Claro que ela vai gostar! Vai adorar o Brasil!”
“Eu acho que já estou no estilo brasileiro”, confessa a jovem chinesa. “Minha vida é com alegria! Relaxada!”, acrescenta Luana. “Acho que acabou. As pessoas já estão indo para suas casas, restaurantes. A feira só acontece pela manhã”.
Samba de Verão é uma composição de Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle