O presidente Lula participou, nesta quinta-feira (20), da Cúpula Virtual do Fórum das Grandes Economias sobre Energia e Clima e afirmou que o Brasil retomou a luta contra a devastação ambiental e tem como objetivo o “desmatamento zero”.
“Os danos ao meio ambiente causados pelo governo anterior serão revertidos”, disse Lula aos outros líderes.
Em discurso, o presidente brasileiro citou a retomada do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia e a ampliação do uso de energia solar e eólica no país.
Na Cúpula estavam presentes o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e a outros líderes mundiais, principalmente europeus.
Na viagem que fez à China durante o mês de abril, Lula e outras lideranças conseguiram firmar acordos para construção e operação de usinas de energia solar e eólica. Hoje, 80% da energia utilizada do Brasil tem fontes renováveis.
Lula defendeu a “ação coordenada entre todos os países” e cobrou os países desenvolvidos a cumprirem a promessa de financiamento de US$ 100 bilhões por ano para ações de preservação ambiental.
“Também somos defensores intransigentes da paz entre os povos. Não há sustentabilidade num mundo em guerra”, observou.
O presidente Lula tem feito declarações no sentido de procurar uma solução pacífica para a guerra da Ucrânia, como com a criação de um grupo de países dispostos a dialogar com os dois lados. Ele também disse, dias atrás, que os Estados Unidos e a União Europeia devem parar de estimular a guerra enviando armamentos para a Ucrânia.
“Os efeitos da mudança do clima agravam ainda mais a pobreza, a fome e a desigualdade no mundo”, acrescentou Lula.
“Em agosto, vamos reunir os líderes dos oito países amazônicos, com o objetivo de impulsionar uma nova agenda comum para a Amazônia. Reafirmaremos a nossa disposição para trabalhar conjuntamente em projetos de maior alcance, que protejam o bioma e promovam o seu desenvolvimento sustentável”, disse.
Leia na íntegra o discurso de Lula no Fórum das Grandes Economias sobre Energia e Clima:
Quero cumprimentar o Presidente Joe Biden pela realização deste Fórum sobre Energia e Clima. Aproveito para saudar a todos os participantes.
A resposta ao desafio climático – talvez o maior da nossa geração – depende da ação coordenada entre todos os países. O Brasil está fazendo a sua parte, e vai avançar ainda mais nos esforços para mitigar os efeitos da mudança do clima.
Temos a matriz energética mais limpa do planeta. Mais de 80% da nossa eletricidade provém de fontes renováveis: hidrelétrica, eólica, solar, etanol e biomassa. E vamos aumentar essa proporção, com a instalação de novos parques de geração de energia solar e eólica. Continuaremos também a investir em soluções como a agricultura de baixo carbono, infraestrutura verde e biocombustíveis.
Fomos capazes de reduzir o desmatamento da Amazônia em mais de 80% ao longo de uma década, e voltaremos a fazê-lo. Os danos ao meio ambiente causados pelo governo anterior serão revertidos. Para tanto, retomamos o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia, que em passado recente foi responsável pela queda recorde na devastação da floresta. Nossa meta é o desmatamento zero.
Temos o compromisso de reflorestar 12 milhões de hectares, e estamos fortalecendo os investimentos em bioeconomia, assegurando trabalhos dignos e sustentáveis para os 25 milhões de brasileiros que vivem na região.
Em agosto, vamos reunir os líderes dos oito países amazônicos, com o objetivo de impulsionar uma nova agenda comum para a Amazônia. Reafirmaremos a nossa disposição para trabalhar conjuntamente em projetos de maior alcance, que protejam o bioma e promovam o seu desenvolvimento sustentável.
Também trabalharemos com países que detêm florestas tropicais na África e na Ásia. Como sinal de comprometimento, apresentamos a candidatura de Belém, na região amazônica, para sediar a COP30 em 2025.
Senhoras e senhores.
Os efeitos da mudança do clima agravam ainda mais a pobreza, a fome e a desigualdade no mundo, flagelos que o Brasil combate com todas as forças. Também somos defensores intransigente da paz entre os povos. Não há sustentabilidade num mundo em guerra.
Além da paz, é urgente buscarmos uma relação de confiança entre os países. No entanto, desde a Convenção do Clima, em 1992, no Rio de Janeiro, a confiança entre os atores envolvidos tem declinado. Desde que o compromisso foi assumido, em 2009, o financiamento climático oferecido pelos países desenvolvidos mantém-se aquém da promessa de 100 bilhões de dólares por ano. Como disse no início, é preciso que todos façam a sua parte.
Hoje o mundo está próximo de um ponto irreversível. Vemos diante de nós a urgência de cumprirmos as promessas feitas. Precisamos de uma governança mais efetiva e legítima, que nos permita resgatar a solidariedade para o bem de toda a humanidade.
Podem contar com o Brasil.