Bolsonaro está calado diante da agressão sofrida pela jornalista
Com exceção de Jair Bolsonaro (PL), que até o início da tarde desta quarta-feira (14) não tinha se manifestado sobre o episódio, os principais candidatos à Presidência da República reagiram com indignação às ofensas e tentativa de intimidação feitas pelo deputado bolsonarista Douglas Garcia (Republicanos) à jornalista Vera Magalhães, no debate da TV Cultura na terça (13).
Em suas redes sociais, os presidenciáveis classificaram como “barbaridade”, “ação terrorista” e “desrespeito” a conduta do deputado estadual do Republicanos de São Paulo.
O ex-presidente Lula (PT) manifestou tristeza com mais um ataque contra a imprensa. “Triste com o desrespeito contra a jornalista @veramagalhaes por um deputado bolsonarista no debate de São Paulo. Debates deveriam ser notícia pelas propostas, não por ataques contra mulheres jornalistas, promovidos por quem vive do ódio e não gosta da democracia”, escreveu.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) repudiou o ataque: “Solidariedade e indignação. Acordei em Recife/PE com essa barbaridade. Mais uma vez @veramagalhaes sob ataques de bolsonaristas. O comportamento covarde do Presidente é uma licença para esse tipo de absurdo, agora de um parlamentar. Espero que a Polícia Civil de São Paulo, a @AssembleiaSP e o @republicanos10 tomem providências para punir mais essa violência. Abraço e força @veramagalhaes”.
Para o pedetista Ciro Gomes, as ofensas da milícia digital bolsonarista à jornalista chegaram a um ponto que precisam ser encaradas como “ação terrorista”.
“A escalada de ataques de bolsonaristas à jornalista @veramagalhaes já chegou ao ponto máximo, e tem que ser visto como uma múltipla ação terrorista que afronta não apenas uma mulher e jornalista independente, mas toda uma sociedade democrática. Os cães raivosos, como Douglas Garcia, não agiriam com tanta desenvoltura se não tivessem, de um lado, o estímulo e o apoio de Bolsonaro, líder da facção, e do outro, a passividade das autoridades. A mesa do Legislativo paulista também não pode ficar em silêncio”, diz o post.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), manifestou sua solidariedade à jornalista pelas redes sociais e classificou a ação do bolsonarista como “covardia”, “oportunismo” e “comportamento hostil”.
“Manifesto minha solidariedade à jornalista Vera Magalhães por mais um ataque a sua honra e dignidade profissional. Esse tipo de comportamento hostil e mal-educado, com contornos também de oportunismo e covardia, não é, e nunca será, um padrão de conduta dos brasileiros. Que prevaleça, no Brasil, a cultura do respeito, inclusive aos jornalistas e às mulheres”, escreveu Pascheco.
Candidato a deputado federal, Douglas Garcia esteve presente no debate entre os postulantes ao governo de São Paulo a convite do candidato Tarcísio de Freitas, também do Republicanos.
Vera estava sentada em uma área reservada a jornalistas quando foi abordada pelo parlamentar, que se referiu a ela como “vergonha para o jornalismo brasileiro”. A mesma frase foi utilizada por Jair Bolsonaro ante uma pergunta da jornalista no debate presidencial da TV Bandeirantes, no dia 28 de agosto.
O parlamentar se dirigiu à jornalista com um celular na mão, filmando as ofensas e provocações contra a profissional.
Vera precisou sair escoltada do Memorial da América Latina por seguranças do debate. Em sua conta no Twitter, ela afirmou que iria registrar um boletim de ocorrência de ameaça contra o deputado.