“Eu acho extremamente importante a gente permitir outros países que cumprem as exigências entrarem para os BRICS”, disse o presidente. Sobre os juros, ele afirmou que Campos Neto não entende nada de Brasil e de povo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta quarta-feira (2) que novos países possam integrar o grupo dos BRICS – formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A reunião do bloco será no final deste mês, de 22 a 24 de agosto, e contará com a presença do presidente brasileiro.
“Eu acho extremamente importante a gente permitir outros países que cumprem as exigências entrarem para os BRICS”, disse em café da manhã com jornalistas internacionais no Palácio do Planalto. Segundo o presidente, muitos países foram convidados e o encontro de agosto já poderá decidir sobre novos integrantes.
Em julho, a África do Sul anunciou que 22 países haviam enviado pedido formal de adesão. Entre os candidatos está a Venezuela, o Egito, o Irã, a Arábia Saudita e outros.
Durante o café, Lula disse que quer também iniciar uma campanha contra a fome. Ele chamou de injusta a distribuição de riquezas no mundo e destacou que essa não deve ser uma batalha apenas de um país.
“Há uma desigualdade visível na cara de todos nós. Como a gente combate isso? Essa é a tarefa que quero assumir e vai ser parte do meu discurso na ONU, nos BRICS, no G-20. Vou levantar essa tese porque não é normal a gente tratar a desigualdade como normal”, disse.
“Não é normal aceitar pacificamente, dormir tranquilo sabendo que há crianças que vão dormir sem ter um copo de leite ou um pedaço de pão para matar a fome”, prosseguiu Lula, convencido que agora, como presidente da República, ele tem mais espaço e autoridade para se engajar nessa luta e conclamar outras nações a fazerem o mesmo.
O presidente fez uma leitura otimista do Brasil, que fechou o primeiro semestre com “situação alentadora e boas expectativas para o segundo semestre”. Ele mencionou a reconstrução de 40 políticas de inclusão social e dados como a queda do desemprego e da inflação e o aumento real de salários. “As políticas de distribuição de renda estão acontecendo. Na hora que o dinheiro começa a circular nas mãos de milhões de pessoas, garantimos o crescimento da economia brasileira”, disse.
Lula destacou a importância da redução dos juros para melhorar o ambiente econômico e disse que a taxa de juro real brasileira é a mais alta do mundo. Ele criticou duramente o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, afirmando que o chefe da autoridade monetária “não entende de Brasil e de povo”, e acrescentou que a manutenção do patamar atual da taxa Selic em 13,75% não tem justificativa.
De acordo com ele, o governo optou por dois momentos de governança. O primeiro foi a retomada de todas as políticas que tinham dado certo em seus governos anteriores e que eram consideradas grandes programas de inclusão social. Isso, disse, já está resolvido, está acontecendo e vai impactar positivamente a economia. A segunda etapa é a nova política de desenvolvimento, a nova política de investimento em obras de infraestrutura e a nova política de desenvolvimento industrial, que serão anunciadas em 11 de agosto, no Rio de Janeiro.
“Nós vamos ter muitas obras de infraestrutura, vamos retomar todas as políticas de desenvolvimento da Petrobrás. A Petrobrás volta a ser não apenas uma empresa de petróleo, mas de energia, com a preocupação não apenas de furar poço, mas em produzir biodiesel, produzir tudo aquilo que estiver dentro da transição energética necessária para que a gente construa uma economia verde”.
Segundo Lula, com o programa de investimentos combinado à política de inclusão já colocada em prática, a economia do Brasil vai surpreender e superar muitas das previsões feitas por organismos internacionais para o crescimento do país.