“Somos um continente colonizado. Nossa cabeça historicamente era voltada, de um lado, para a Europa, onde estavam os colonizadores, e, do outro lado, para uma economia mais pujante, sobretudo a dos EUA”, apontou o presidente
O presidente Lula defendeu, nesta quarta-feira (17), a busca de soberania dos países da América do Sul. Ele disse que isso se dá por meio de união e estabilidade entre os países da região. Lula criticou, na coletiva realizada em Bogotá, capital colombiana, a ofensiva dos Estados Unidos contra os países latino-americanos.
O presidente destacou que historicamente os países da América Latina não tinham parcerias comerciais entre si, nem com nações africanas, mas que essa lógica tem se alterado com o conceito de Sul Global.
“Somos um continente colonizado. Nossa cabeça historicamente era voltada, de um lado, para a Europa, onde estavam os colonizadores, e, do outro lado, para uma economia mais pujante, sobretudo a dos EUA”, assinalou.
Em seguida, constatou que “depois de 520 anos de existência, todos nós continuamos pobres”, citando o desemprego, a desnutrição e a mortalidade infantil presentes no continente sul-americano. Lula falou também na homenagem que recebeu na abertura da Feira Internacional do Livro de Bogotá (FILBo).
“E por isso os Estados Unidos, que deveriam cuidar disso, gerando emprego para seus vizinhos, […] têm uma política de construir um muro para que os latino-americanos, à procura de […] trabalho, na publicidade tão grande que eles fazem, sejam considerados bandidos”, criticou o presidente brasileiro.
Na agenda presidencial, Lula se encontrou com o presidente colombiano, Gustavo Petro, com quem abordou temas ambientais relacionados à proteção da Amazônia — bioma presente em ambos os países — e a “prosperidade da América do Sul”. “Que América do Sul nós queremos? Que país nós queremos? Que política de integração nós queremos?”, questionou, afirmando que quanto mais forte o Brasil estiver, mais será respeitado por EUA, União Europeia, China, Rússia e Índia.
“Não é a ausência que faz a gente crescer. O que faz a gente crescer, como dizia Celso Amorim, é uma posição altiva e ativa para que nós sejamos respeitados”, defendeu, citando que é importante ter estabilidade jurídica, fiscal e econômica.
“O crescimento econômico de um país, de um empresário e de uma sociedade tem que estar associado ao crescimento daqueles que trabalham. Quem faz o trabalho não é o empresário, são os trabalhadores […], então não custa nada repetir um pouco, melhorar”, destacou, citando que a pobreza aumenta diversos crimes, incluindo o organizado.