“As compras governamentais são um instrumento vital para articular investimentos em infraestrutura e sustentar nossa política industrial”, disse Lula. “EUA e União Europeia saíram na frente e já adotam políticas industriais ambiciosas baseadas em compras públicas e conteúdo nacional”, acrescentou o presidente
O presidente Lula afirmou, durante a sessão de abertura do fórum empresarial União Europeia-América Latina, em Bruxelas, na Bélgica, que o Brasil não vai abrir mão das compras governamentais para garantir fomento à sua reindustrialização.
“As compras governamentais são um instrumento vital para articular investimentos em infraestrutura e sustentar nossa política industrial”, disse Lula. “EUA e União Europeia saíram na frente e já adotam políticas industriais ambiciosas baseadas em compras públicas e conteúdo nacional”, acrescentou o presidente.
Lula alertou para gravidade do momento vivido pelo mundo, com o surgimento da guerra e das ameaças à democracia. “A crise da democracia semeia a discórdia, a violência e a intolerância, solapando as condições da vida em sociedade e o planejamento da atividade econômica”, denunciou. “A pandemia da Covid-19, além de ceifar milhões de vidas, desorganizou o sistema produtivo nos quatro cantos do planeta”, ressaltou.
“A guerra no coração da Europa lança sobre o mundo o manto da incerteza e canaliza para fins bélicos recursos até então essenciais para a economia e programas sociais”, prosseguiu. “A corrida armamentista dificulta ainda mais o enfrentamento da mudança do clima”, destacou o líder brasileiro. “Frente a todos esses desafios, cabe aos governantes, empresários e trabalhadores reconstituir o caminho da prosperidade, da retomada da produção, dos investimentos e dos empregos”, argumentou Lula.
Ele destacou a importância de uma América Latina unida. “Os países da América Latina e do Caribe continuarão a desempenhar um papel estratégico para a Europa e o mundo. Porque somos uma região com enormes oportunidades de investimento e de ampliação do consumo”, apontou.
“Somos países que demandam investimentos em infraestrutura logística diversificada, infraestrutura social e urbana. Somos sociedades em processo de forte mobilidade social nas quais se constituem novos e dinâmicos mercados internos, integrados por centenas de milhões de consumidores”, prosseguiu.
Lula falou da importância do comércio com a União Europeia. “A União Europeia é o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Nossa corrente de comércio poderá ultrapassar este ano a marca de 100 bilhões de dólares. Um acordo entre Mercosul e União Europeia equilibrado, que pretendemos concluir ainda este ano, abrirá novos horizontes. Queremos um acordo que preserve a capacidade das partes de responder aos desafios presentes e futuros”, destacou o presidente.
O chefe do Executivo falou do novo plano de investimentos que seu governo vai lançar. “Lançaremos nos próximos dias um novo Plano de Investimentos para enfrentar os gargalos existentes. Depois dos últimos seis anos de retrocesso e estagnação, voltaremos a gerar empregos de qualidade, a combater a pobreza e a aumentar a renda das famílias brasileiras. O Plano prevê a retomada de empreendimentos paralisados, aceleração dos que estão em andamento e seleção de novos projetos”, disse Lula.
“Ao lançar um programa ambicioso de investimentos, não penso única e exclusivamente em meu país. Não queremos ser uma ilha de prosperidade. Só cresceremos, de forma sustentável, com a integração ao nosso entorno regional”, defendeu. “Na última reunião de líderes sul-americanos, em maio, em Brasília, propus a atualização da carteira de projetos do Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento, reforçando a multimodalidade e priorizando os projetos de alto impacto para a integração física e digital, especialmente nas regiões de fronteira”, apontou o presidente.
Leia o discurso de Lula na íntegra
Tenho enorme satisfação em participar da abertura deste encontro empresarial, ao lado da presidente da Comissão Europeia, do primeiro-ministro da Espanha e dos presidentes do BID e da CAF.
Eu acredito que são as empresas, as universidades e a sociedade civil que dão vida e continuidade às relações entre os países. Este encontro confirma que nossos empreendedores estão plenamente engajados no relançamento dessa histórica aliança, baseada na certeza de que o sucesso do outro é fundamental para nosso êxito comum.
Isso é mais verdadeiro agora, quando vivemos momentos de turbulência e incerteza no mundo.
A pandemia da Covid-19, além de ceifar milhões de vidas, desorganizou o sistema produtivo nos quatro cantos do planeta.
A mudança do clima evidencia a urgência em preservar a biodiversidade e os ecossistemas.
A crise da democracia semeia a discórdia, a violência e a intolerância, solapando as condições da vida em sociedade e o planejamento da atividade econômica.
A guerra no coração da Europa lança sobre o mundo o manto da incerteza e canaliza para fins bélicos recursos até então essenciais para a economia e programas sociais.
A corrida armamentista dificulta ainda mais o enfrentamento da mudança do clima.
Frente a todos esses desafios, cabe aos governantes, empresários e trabalhadores reconstituir o caminho da prosperidade, da retomada da produção, dos investimentos e dos empregos.
Os países da América Latina e do Caribe continuarão a desempenhar um papel estratégico para a Europa e o mundo.
Porque somos uma região com enormes oportunidades de investimento e de ampliação do consumo.
Somos países que demandam investimentos em infraestrutura logística diversificada, infraestrutura social e urbana.
Somos sociedades em processo de forte mobilidade social nas quais se constituem novos e dinâmicos mercados internos, integrados por centenas de milhões de consumidores.
A União Europeia é o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Nossa corrente de comércio poderá ultrapassar este ano a marca de 100 bilhões de dólares.
Um acordo entre Mercosul e União Europeia equilibrado, que pretendemos concluir ainda este ano, abrirá novos horizontes.
Queremos um acordo que preserve a capacidade das partes de responder aos desafios presentes e futuros.
As compras governamentais são um instrumento vital para articular investimentos em infraestrutura e sustentar nossa política industrial.
EUA e União Europeia saíram na frente e já adotam políticas industriais ambiciosas baseadas em compras públicas e conteúdo nacional.
O Brasil tem um grande mercado interno de 203 milhões de pessoas, com enorme capacidade de consumo ainda reprimida, que vai requerer a ampliação de investimentos em bens duráveis, insumos e serviços associados.
Lançaremos nos próximos dias um novo Plano de Investimentos para enfrentar os gargalos existentes.
Depois dos últimos seis anos de retrocesso e estagnação, voltaremos a gerar empregos de qualidade, a combater a pobreza e a aumentar a renda das famílias brasileiras.
O Plano prevê a retomada de empreendimentos paralisados, aceleração dos que estão em andamento e seleção de novos projetos.
Promoveremos a modernização de nossa infraestrutura logística, com investimentos em rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos.
O Brasil já possui uma matriz energética das mais limpas do planeta: 87% de nossa eletricidade já provêm de fontes renováveis contra 27% da média mundial, e 50% de toda a nossa energia é limpa, enquanto no mundo a média é 15%.
E iremos melhorar ainda mais esses números, porque estamos dando prioridade à geração de energia solar, eólica, biomassa, etanol e biodiesel. Também é enorme o nosso potencial de produção de hidrogênio verde.
Destacam-se também novas oportunidades em mobilidade urbana, saneamento, prevenção de desastres e financiamento habitacional, gerando estímulos na cadeia produtiva de transporte e de construção.
A extensão para todo o território nacional de uma rede de banda larga de alta capacidade servirá de alicerce para a política educacional que estamos desenvolvendo e que prioriza a inclusão e a qualidade.
Uma educação de qualidade é requisito para um crescimento fundado na geração de tecnologia e na inovação, privilegiando a economia do conhecimento.
Estabeleceremos parcerias entre o governo e os empresários em todas essas áreas, sob a forma de concessões, Parcerias Público-Privadas e contratações diretas.
Este novo Brasil mais justo e solidário está sendo reconstruído sem abdicar de nossos compromissos com os fundamentos macroeconômicos.
O controle da inflação e o equilíbrio das contas públicas são requisitos essenciais para assegurar a estabilidade, base sólida para a expansão econômica e o progresso social.
Com a reforma tributária em curso, estamos simplificando a arrecadação de tributos e tornando a economia mais eficiente.
Possuímos um sistema financeiro robusto, que permitirá a expansão sustentável do crédito ao longo dos próximos anos.
Nossas elevadas reservas internacionais, hoje na casa de 343 bilhões de dólares, proporcionam um seguro colchão frente a eventuais volatilidades externas.
Ao lançar um programa ambicioso de investimentos, não penso única e exclusivamente em meu país. Não queremos ser uma ilha de prosperidade.
Só cresceremos, de forma sustentável, com a integração ao nosso entorno regional.
Na última reunião de líderes sul-americanos, em maio, em Brasília, propus a atualização da carteira de projetos do Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento, reforçando a multimodalidade e priorizando os projetos de alto impacto para a integração física e digital, especialmente nas regiões de fronteira.
Ao construir o corredor bioceânico, que liga o centro-oeste brasileiro aos portos do norte do Chile, reduzimos o custo de nossas exportações para os mercados asiáticos e geramos emprego e renda para o interior do nosso continente.
Ao sediar a reunião de presidentes dos países amazônicos em agosto próximo, procuramos articular iniciativas comuns para a proteção e o desenvolvimento sustentável desse bioma com outros sete países da América do Sul.
Somos detentores de um patrimônio natural único em termos de florestas, biodiversidade e água doce. Esta condição nos torna responsáveis pela gestão de riquezas cuja preservação e exploração sustentável, de forma inclusiva, é imperativo nacional.
Nos mandatos anteriores, reduzimos o desmatamento em 80%. Dessa vez assumimos o compromisso de eliminar o desmatamento na Amazônia até 2030, e já nesse primeiro semestre o reduzimos em 34% em relação ao ano passado.
Estamos lançando as bases para a reindustrialização do país com empreendimentos menos poluentes, com maior densidade tecnológica e com geração de empregos verdes e de qualidade.
O Brasil voltou ao cenário internacional para contribuir no enfrentamento dos desafios do nosso planeta, como a crise das mudanças climáticas e o aumento das desigualdades.
Vamos provar, como já fizemos no passado, que é possível produzir e crescer de forma sustentável e eficiente.
Senhoras e senhores,
Precisamos enviar ao mundo um sinal de que duas regiões da importância estratégica da Europa e da América Latina e Caribe estão comprometidas com uma agenda promissora.
Uma agenda de paz, de cooperação, de ampliação do comércio e dos investimentos, de geração de empregos e de crescimento sustentável.
Quando temos muito dinheiro nas mãos de pouco, temos concentração de renda e poucas pessoas consumindo enquanto muitas passam dificuldades. Com uma melhor distribuição de renda e dinheiro na mão de muitos, colocamos recursos na base da sociedade, ampliando o consumo e gerando oportunidades nos serviços, na indústria e na agricultura. Isso é verdade em cada um de nossos países e mais ainda quando se pensa em escala global.
O Brasil está fazendo a sua parte com uma estratégia de longo prazo, focada na credibilidade, na previsibilidade e estabilidade jurídica, estabilidade política, estabilidade econômica e com estabilidade social. Somente assim é que a gente vai poder desenvolver definitivamente os nossos países.
Esses são fatores essenciais para construir um futuro repleto de oportunidades.
Muito obrigado.