O avião presidencial trazendo as 32 pessoas, entre brasileiros e seus parentes próximos, libertados do horror criado em Gaza, já decolou do Egito e chega ao Brasil esta noite
O avião presidencial que Lula disponibilizou para trazer os brasileiros que estavam vivendo os horrores dos bombardeio israelenses em Gaza, decolou do Egito rumo ao Brasil. A bordo, 32 passageiros que deixaram a Faixa de Gaza no domingo (12/11) e cumprem agora a última etapa do voo de repatriação do Governo Federal.
São 17 crianças, nove mulheres e seis homens: 22 brasileiros e dez palestinos familiares dos brasileiros trazidos no décimo resgate da região da zona de conflito no Oriente Médio.
“Todo dia ligava de manhã, de tarde, com ministro de Israel, ligava com ministro do Egito, com o nosso embaixador e depois conseguimos trazer as pessoas. Agora vamos ver se ainda tem gente na Cisjordânia que queira vir porque nós não vamos deixar nenhum brasileiro lá se ele quiser voltar. Vamos ter que encontrar soluções”, disse Lula. Ele confirmou que irá recepcionar brasileiros que deixaram Gaza e diz que terá dia de “muito trabalho”
Hasan Rabee postou em seu perfil no Instagram parte desse trajeto, com imagens no ônibus alugado pelo Governo Brasileiro na saída do hotel, a chegada ao Aeroporto Internacional do Cairo e o deslocamento no terminal rumo à aeronave. “Já estamos no aeroporto. Daqui a pouco vamos embarcar e seguimos viagem até Brasília”, postou no Instagram, com uma das filhas no colo agitando uma bandeira brasileira.
Quando o avião tocar o solo da Base Aérea de Brasília, a Operação Voltando em Paz completará 1.477 passageiros e 53 animais domésticos resgatados. Cerca de 150 militares e 37 profissionais de saúde (13 médicos, nove psicólogos e 15 enfermeiros) se envolveram na logística. Mais de três mil refeições foram servidas em 315 horas de voo sobre 16 países. Na rota até Brasília, estão previstas duas paradas técnicas: uma em Las Palmas, na Espanha, e uma segunda já em solo brasileiro, em Recife, capital pernambucana.
O presidente Lula comemorou o sucesso da operação, anunciou que estará no aeroporto para recepcionar os brasileiros resgatados e destacou que a situação em Gaza é muito grave. Em suas redes sociais ele afirmou que “a segunda-feira começa com muito trabalho. Reunião com ministros, cerimônia de sanção do projeto de lei que atualiza a Lei de Cotas e, à noite, vou receber os brasileiros e parentes palestinos que chegam ao Brasil de Gaza”.
O primeiro-secretário da Embaixada Brasileira no Egito, Fernando Bastos Neto, se emocionou ao se dirigir ao grupo que conseguiu escapar a bombas de Israel. “Esse é o momento mais importante da minha carreira. Tenho muito orgulho de ter feito parte da missão com vocês. Fiquei muito feliz de conhecer vocês, de olhar nos olhos, de escutar as histórias. Acredito que vocês vão iniciar uma bela etapa de uma nova vida. Vocês podem contar com o Estado Brasileiro, com o Itamaraty, com as instituições do Brasil, afirmou.
Na chegada ao Brasil, além da recepção pelo presidente da República, o Governo Federal preparou uma operação de acolhimento para os repatriados. Em complemento ao apoio de suas famílias no Brasil, eles terão à disposição serviços de abrigo, documentação e alimentação, além de apoio psicológico, cuidados médicos e imunização. Ficarão dois dias hospedados em Brasília para descanso numa estrutura da FAB.
“Há todo um esquema de recepção. Um sistema de apoio e acolhimento em que serão oferecidos identidade, permissão de trabalho, acesso ao Sistema Único de Saúde, à rede de apoio social para refugiados, além da regularização da situação de cada um”, explicou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, numa coletiva de imprensa neste domingo.
“Alguns brasileiros já têm destino certo porque têm familiares aqui, mas uma parcela significativa, quase metade, não tem onde ficar. O Governo Federal já preparou, por meio do Ministério do Desenvolvimento Social, um local onde essas pessoas ficarão acolhidas no interior de São Paulo”, explicou Augusto de Arruda Botelho, secretário nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O embaixador do Brasil na Cisjordânia, Alessandro Candeas também falou sobre a epopeia de trazer os brasileiros e comentou o terror que os palestinos estão vivendo. “Lutamos para que os brasileiros não fossem afetados pela catástrofe humanitária que assola Gaza. Alugamos casas e conseguimos enviar recursos para alimentos, água, gás e remédios no precário mercado local. Oferecemos apoio de psicóloga e médico a distância. Infelizmente, as perspectivas são de rápida degradação das condições de vida e segurança na região de Gaza”, afirmou o embaixador.