“Reafirmamos nosso respeito ao Senado Federal. Não é porque ele fez uma votação que eu tenho divergência com o resultado que devemos atacar o Senado”, destacou o deputado, sobre as agressões do ministro aos senadores
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), criticou nesta quinta-feira (20), em entrevista coletiva, a reação do ministro da Economia, Paulo Guedes, à derrubada do veto ao reajuste de salários de servidores da saúde, educação e segurança até o final de 2021 por parte do Senado Federal na quarta-feira (19).
“Reafirmamos nosso respeito ao Senado Federal. Não é porque ele fez uma votação que eu tenho divergência com o resultado que devemos atacar o Senado”, destacou. Maia disse que as votações são democráticas e criticou a reação do ministro da Economia, Paulo Guedes. “Não nos ajuda o ministro da Economia atacar o Senado. Isso inclusive atrapalha e pode contaminar o nosso processo de votação”
Maia disse isso após externar sua posição sobre o assunto. Ele disse que não concorda com a derrubada do veto, mas reafirmou que as votações são democráticas. “Discordo da derrubada de veto pelo Senado”, afirmou o deputado, ressaltando porém, que todos têm que respeitar os resultados das votações das casas legislativas.
Na quarta-feira (19), em uma derrota para o governo, o Senado votou para derrubar o veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à medida que permite reajuste salarial para algumas categorias do funcionalismo público até o fim de 2021. A proposta foi aprovada pelo Congresso dentro do socorro financeiro a estados e municípios, mas acabou barrada pelo Palácio do Planalto.
O governo foi pego de surpresa com a votação do Senado e pediu mais tempo para negociar. Com isso, a análise da proposta pelos deputados federais foi adiada para esta quinta. Para um veto ser rejeitado, a decisão precisa ser tomada pelas duas casas do Congresso.
O presidente da Câmara afirmou também que a crise econômica no Brasil “ainda deve continuar”. “Sabemos que a renda do brasileiro caiu na ordem de R$ 150 bilhões. O auxílio [emergencial] está colocando na economia, até setembro, R$ 300 bilhões”, destacou. Ele citou os cerca de 2 milhões de brasileiros que perderam o emprego durante a pandemia do novo coronavírus.
A insistência de Guedes em seguir sua cartilha de cortes de investimentos e salários em plena pandemia e na maior crise econômica desde 1929 está provocando fissuras até mesmo dentro do governo. Já houve uma debandada de membros da equipe econômica do ministro da Economia nos últimos dias.
Até mesmo os recursos do resultado do Banco Central com operações cambiais, que somam R$ 400 bilhões, Guedes quer usar exclusivamente para transferir aos bancos em detrimento dos investimentos. Esses recursos, ou uma boa parte deles, segundo economistas de diversas escolas de pensamento , deveria ser usado para os investimentos que garantam a retomada do crescimento econômico. É por causa dessa miopia política de Guedes, que ele está cada vez mais isolado.