Vídeo flagra momento em que cada passageiro do ônibus que vinha de Pompeia, no interior de São Paulo, para o ato na Paulista, recebia uma camiseta e uma nota de 100 reais
Os atos golpistas que Jair Bolsonaro insuflou neste dia 7 de Setembro foram financiados pelo próprio governo, que colocou praticamente toda a sua estrutura e sua máquina para convocá-los. Ministros e assessores do governo deixaram de lado suas tarefas governamentais e passaram os últimos dias insuflando as milícias bolsonaristas a ameaçarem e, se possível, invadirem o STF para tirar de lá os seus ministros. Até helicópteros do governo com combustível, pagos pelo contribuinte, foram utilizados nessas operações.
Mas os grupos de defensores das ideias golpistas de Bolsonaro não foram apoiados somente pela estrutura do governo. Eles receberam também muito dinheiro de empresas ligadas ao agronegócio e vinculadas ao esquema bolsonarista. Caminhões de ruralistas foram colocados à disposição dos golpistas. Os manifestantes de várias partes do Brasil receberam dinheiro e alimentação para participar dos atos antidemocráticos.
Já haviam denúncias sobre esses pagamentos aos “manifestantes” favoráveis ao golpe de Bolsonaro, mas, algumas pessoas diziam que isso era um “exagero inventado por oposicionistas”. No entanto, não precisaram muitos argumentos para sustentar essa informação do pagamento aos “manifestantes”. As imagens falam por si mesmas.
Filmadas por um participante, as cenas de um ônibus de Pompeia, no interior de São Paulo, indo para a manifestação da Paulista, são reveladoras. Na ocasião, foram distribuídas camisetas e uma nota de cem reais para cada um dos manifestantes que se encontravam no ônibus. Um dos manifestantes comemora entusiasmado o recebimento do dinheiro.
Assista ao vídeo
Para reforçar o uso de muito dinheiro, público e privado, no financiamento dos atos golpistas, tivemos também a prisão, no último dia 26 de agosto, do prefeito de Cerro Grande do Sul (RS), Gilmar João Alba, conhecido como Gringo, um bolosnarista de carteirinha, com uma caixa abarrotada de dinheiro. Eram 500 mil reais que seriam distribuídos para a organização dos atos golpistas de 7 de Setembro.
Nas vésperas dos atos, outro episódio. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu o pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) e determinou o bloqueio das contas da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) e da Aprosoja de Mato Grosso.
O presidente desta entidade rural apareceu no vídeo em que o cantor Sérgio Reis pregava a invasão do Supremo Tribunal Federal “para quebrar tudo por lá”. A PGR acredita que a Aprosoja, dirigida por Antonio Galvan, desviou recursos do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) e da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal para financiar as manifestações através das duas entidades.