Forte retração na FBCF reflete-se diretamente na baixa taxa de investimentos, diz Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB-FGV
Os investimentos em máquinas, equipamentos, material de construção, entre outros bens de capital, caíram 7,1% no trimestre encerrado em novembro de 2023, segundo o Monitor do PIB da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre), divulgado nesta segunda-feira (22).
De acordo com a coordenadora do Monitor do PIB-FGV, Juliana Trece, o recuo do indicador FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), que mede o que se investe no país em bens de capital vem sendo puxado principalmente pela queda no segmento de máquinas e equipamentos.
Em novembro, o recuo do indicador FBCF foi de -1,4% em relação a outubro. No acumulado do ano, caiu -3,3%.
“No caso da FBCF, a forte retração, influenciada principalmente pelo fraco desempenho de máquinas e equipamentos, reflete-se diretamente na baixa taxa de investimentos. Esses fatores indicam certa fragilidade desse crescimento, o que liga um alerta para o futuro”, afirmou Trece, ao destacar que, “adicionalmente, desde o trimestre findo em agosto de 2023, o segmento da construção também apresentou retrações que contribuíram para o fraco desempenho da FBCF”.
Do primeiro ao terceiro trimestre de 2023, a FBCF manteve-se em queda influenciada, principalmente, pelos juros reais que seguiram ao longo do ano altos por decisão do Banco Central (BC), que pouco atuou para redução da Selic, que encerrou o ano passado em 11,75% ao ano, mantendo os juros reais (descontada a inflação) entre os maiores do mundo.
“O que mais chama a atenção é a composição de máquinas e equipamentos, que desaba. Isso quer dizer que os empresários não estão ampliando a capacidade produtiva”, alertou Trece.
Assim, o Produto Interno Bruto (PIB brasileiro), que no primeiro trimestre havia demonstrado uma evolução puxada pelo bom desempenho da colheita de soja e milho, voltou a desacelerar no terceiro trimestre, registrando uma alta de 0,1% em relação ao segundo trimestre (1,0%). No primeiro trimestre de 2023, o PIB havia crescido 1,4%, em relação ao trimestre anterior.
Segundo o Monitor do PIB-FGV, a atividade econômica brasileira registrou um crescimento de 0,5% em novembro em comparação com outubro. No acumulado em 12 meses até novembro, a alta é de 2,9%.
O Monitor do PIB-FGV é considerado uma “prévia” do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, calculado oficialmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No trimestre móvel encerrado em novembro de 2023, o consumo das famílias cresceu 2,8%, mas “um pouco abaixo da média acumulada até novembro de 2023, que foi de 3,3%”, destacou Juliana Trece.
A economista avalia que o PIB deve encerrar o ano de 2023 com alta em torno de 3%, devido à agropecuária, que se beneficiou de bons preços de commodities e de uma safra recorde.
