Memorial da Resistência lotou para receber mostra de Jango

João Goulart Filho lançou seu livro de poesias durante o evento. O filho de Jango, que é pré-candidato a presidente, falou aos presentes na abertura da mostra

Os salões do Memorial da Resistência, localizados no antigo DOPS, na região central de São Paulo, ficaram lotados neste sábado para o ato de abertura da mostra “Jango Nossa Breve História”. Com mais de 170 fotos, textos e vídeos, relatando os quase dois anos do governo João Goulart, a mostra reuniu, em sua abertura, centenas de lideranças políticas, sindicais, das mulheres, entidades populares e estudantis, que foram prestigiar o ex-presidente e conhecer mais detalhes de sua luta por um Brasil soberano e democrático.

Discurso do filho de Jango na abertura da mostra

Na ocasião, o ex-deputado João Goulart Filho, pré-candidato a presidente pelo Partido Pátria Livre (PPL) aproveitou a homenagem a seu pai, para lançar seu livro “Anjos e Demônios – Poemas do Exílio”, escrito durante o período em que viveu junto com Jango, sua mãe Maria Tereza e sua irmã, Denise, no exílio, imposto a seu pai em consequência do golpe pró-imperialista de 1964. Recentemente João Goulart Filho já havia brindado os brasileiros com o excelente livro “Jango e Eu – Memórias de um Exílio Sem Volta”, um dos finalistas do prêmio Jabuti de Literatura, onde ele conta em detalhes a vida da família Goulart durante todo o período do exílio.

João Goulart Filho dá autógrafos de seu novo livro

O jornalista André Gaeta, organizador da Mostra em São Paulo [A Mostra já percorreu diversas capitais brasileiras] abriu os trabalhos e saudou os presentes. Ele lembrou a importância de Jango para o país e ressaltou que a juventude estava com grande presença no ato. “Essa juventude que está aqui é aquela que já compreende a importância de Jango e da democracia, mas precisamos divulgar mais a nossa história para que situações como as que derrubaram Jango não se repitam”, disse ele. Rafael Martinelli, líder sindical ferroviário, de 97 anos, que viveu o governo Jango, emocionou os presentes com as lembranças das políticas de João Goulart para os trabalhadores.

Verônica Goulart, esposa de João Goulart Filho, falou em nome das mulheres. Ela disse que ficou surpresa com o sucesso do evento e que tem muita honra de fazer parte da família Goulart. Logo em seguida ela passou a palavra para o principal orador, cuja fala era aguardada por todos. João Goulart Filho, que, depois de ter sido deputado no Rio Grande do Sul e exercer cargos de governo na administração Brizola no Rio de Janeiro, decidiu disputar a presidência da República para, como ele mesmo diz, “resgatar o projeto de Nação que foi interrompido em 1964”.

O ex-líder sindical, Rafael Martinelli, discursa diante da família de João Goulart

O filho de Jango lembrou que o evento estava se realizando num local onde “várias pessoas que estão aqui foram encarceradas e torturadas”. Mas, ressaltou João Goulart, “a luta continua. A luta pelo Brasil é uma luta constante. A luta pela democracia é uma luta constante e a luta pela liberdade é uma luta eterna”. João Goulart Filho agradeceu ao povo de São Paulo pela homenagem a seu pai. Ele disse que é muito importante que o povo, a juventude e os trabalhadores possam conhecer o sonho de Jango, “que nós haveremos de resgatar de uma Nação nova e um país diferente que atenda aos anseios do povo e não dos grandes grupos bancários, os grandes trustes econômicos, as grandes multinacionais”. “Que nossas riquezas estejam em prol do povo brasileiro”, observou o pré-candidato, sob intensos aplausos.

Mostra de Jango atraiu muita gente

Ao final, os presentes puderam conversar com o filho de Jango e muitos queriam mesmo era tirar uma foto junto com ele. A multidão não arredou pé. Fizeram um passeio pela mostra onde as lutas e as realizações do saudoso ex-presidente estavam estampadas nas fotos e nos textos. Antes do encerramento, João Goulart Filho deu entrevista ao Jornal da Cultura. Ele falou sobre a importância de resgatar as reformas de base do governo Jango, adaptadas aos dias de hoje, para que o Brasil possa superar a atual crise, que tem raízes no modelo dependente e submisso às grandes potências, e que vem, como denunciou João Goulart, destruindo a indústria nacional. João Goulart Filho reafirmou que sua pré-candidatura a presidente, ao adotar o Nacional-Desenvolvimentismo, poderá servir de instrumento para a superação desta crise e a construção de uma grande nação desenvolvida, próspera e justa.

SÉRGIO CRUZ

Assista trecho do discurso de João Goulart Filho na abertura da mostra