Facebook e Instagram derrubaram fake news do capitão cloroquina. “Nossas políticas não permitem alegações de que as vacinas de Covid-19 matam ou podem causar danos graves às pessoas”, afirmaram as redes
O Facebook e o Instagram derrubaram na noite de domingo (24) a live de Jair Bolsonaro transmitida na última quinta-feira (21), quando ele associou Aids à vacina da Covid. De acordo com porta-voz da companhia, o motivo para a exclusão foram as políticas da empresa relacionadas à vacina da Covid-19. “Nossas políticas não permitem alegações de que as vacinas de Covid-19 matam ou podem causar danos graves às pessoas”, disseram as redes.
Foi exatamente o que Bolsonaro fez. Ele mentiu, dizendo que as vacinas podiam provocar Aids. “Vacinados [contra a Covid] estão desenvolvendo a síndrome da imunodeficiência adquirida [Aids]”, disse ele. Ele inventou que “relatórios oficiais” do governo britânico teriam dito que “as pessoas totalmente vacinadas estariam desenvolvendo a síndrome de imunodeficiência adquirida muito mais rápido do que o previsto”.
Não há nenhum estudo que sustente essa afirmação. A fonte que Bolsonaro citou foi um documento apócrifo que circulou pela internet. Vários serviços de checagem desmentiram o capitão cloroquina. Ele já havia citado antes o Reino Unido para dizer outra mentira. De que 70% dos mortos estavam vacinados contra Covid-19. Era outra fake news.
“Temos um estudo aqui do Reino Unido onde 70% dos mortos com Covid estavam vacinados. Não vou tecer comentários (…). Então, 70% dos mortos por Covid no Reino Unido estavam vacinados”, disse ele. O “estudo” que Bolsonaro citou na live simplesmente não existe, é mais uma fake news. Os completamente vacinados eram menos de 1% das mortes por Covid no Reino Unido nos seis primeiros meses do ano, segundo dados do ONS, órgão de estatísticas do Reino Unido. Bolsonaro foi desmentido pelo governo britânico.
Em sua cruzada em defesa do vírus, Bolsonaro disse também, nesta mesma live, que Anthony Fauci, imunologista e conselheiro médico do presidente dos EUA, Joe Biden, teria condenado o uso de máscara. “O doutor [Anthony] Fauci dizendo, em um artigo de 2008, que a maioria das vítimas da gripe espanhola não morreu de gripe espanhola. Sabe do que eles morreram, na verdade? De pneumonia bacteriana causada pelo uso de máscaras”, disse Bolsonaro.
Mais uma vez ele foi desmentido. Qualquer um sabe que uma das grandes causas de morte provocadas pela gripe – doença causada pelo vírus Influenza – é exatamente a sua complicação por pneumonia bacteriana. A bactéria oportunista instalada nas vias aéreas das pessoas se aproveita da fragilidade provocada pela infecção viral para atacar. O “estudo”, citado por Bolsonaro, não é nada mais do que a confirmação deste fato. Não havia nenhuma citação sobre máscaras. O facebook e o Instragram não podiam fazer outra coisa a não ser impedir que essas mentiras seguissem sendo espalhadas.