“Há um silêncio sepulcral nos grupos de Whatsapp dos quais participa com parlamentares do Centrão. A CPI hoje está mais forte que eles”, acrescentou o deputado Fábio Trad (MS)
O vice-líder do PSD na Câmara, deputado Fabio Trad (MS), pediu, nesta quarta-feira (30), ao presidente do partido, Gilberto Kassab, para que a legenda se afaste definitivamente de Bolsonaro. O pedido veio logo após as denúncias de corrupção envolvendo o Ministério da Saúde e o crime de prevaricação do presidente, que foi avisado do esquema criminosos e não tomou nenhuma providência.
E, para agravar a situação, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), que levou a informação das irregularidades ao presidente, relatou que Bolsonaro sabia do esquema e até citou o nome de seu líder na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), como operador do esquema envolvendo pedido de propina para concretizar a compra da Covaxin. “Isso é coisa do Ricardo Barros”, disse o presidente, segundo Miranda.
O deputado conta que há um “silêncio sepulcral” nos grupos de Whatsapp dos quais participa com parlamentares do Centrão. “Nos grupos de parlamentares de esquerda e centro-esquerda há um clima de euforia com as denúncias. Nos grupos do Centrão, todos fazem de cara de paisagem”, revelou. Os deputados não saem em defesa do presidente nem do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), suspeito de participar de um esquema de corrupção envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin. “A CPI hoje está mais forte que o Centrão”, acrescentou ele.
“O impacto do nome do Ricardo Barros na CPI foi uma bomba”, disse Fábio Trad. “O presidente não pode dizer que não sabia o que ia acontecer. Foi alertado pelo deputado Luis Miranda e pelo seu irmão. Praticou ato incompreensível. Deveria ter mandado investigar. Investigar não é mandar mensagem pelo Whatsapp”, ressaltou. “Eu já fui mais minoria dentro do PSD. Essa minoria está crescendo”, disse o deputado ao comentar a divisão dentro da legenda.
Para Trad, não há comparação entre as acusações feitas contra Bolsonaro e as que resultaram no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016. No caso de Dilma, observou, o questionamento era sobre uma manobra orçamentária. Agora, destacou, as denúncias são de crime, tanto em relação ao comportamento do presidente diante da pandemia quanto à suspeita de que o Bolsonaro prevaricou, ao não determinar investigação de um esquema de corrupção na compra de vacinas.
Com informações do Congresso em Foco