O fato da PF ter encontrado indícios no celular do principal secretário do presidente, que levantariam suspeitas sobre transações financeiras feitas no gabinete, foi a razão da decisão do ministro do STF
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, na quarta-feira (28), abertura de investigação administrativa sobre o vazamento da quebra de sigilo bancário do principal ajudante de ordem do presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel do Exército, Mauro Cesar Barbosa Cid.
As afrontas de Bolsonaro contra Moraes ganharam novo capítulo nesta semana. E o presidente da República sentiu o golpe, pois pode haver dados e informações comprometedoras no celular do ajudante de ordens. Do contrário, não haveria necessidade dessa exasperação do chefe do Executivo.
Na decisão, Moraes cita reportagem de jornal sobre o fato de a Polícia Federal ter encontrado elementos no telefone de Cid que levantariam às suspeitas sobre transações financeiras feitas no gabinete do presidente da República.
O ministro determinou que o delegado responsável pela investigação, Fabio Shor, preste informações a respeito “dos fatos noticiados, notadamente no que diz respeito ao acesso, no âmbito policial, às decisões proferidas nos autos [..] e aos relatórios produzidos”, além de fornecer ao Supremo “os nomes de todos os policiais federais que têm conhecimento dos assuntos investigados”.
À REVELIA DA PGR
Moraes também determinou que sejam entregues informações relativas à comunicação das decisões proferidas à PGR (Procuradoria-Geral da República).
A PGR se opôs à quebra do sigilo bancário do tenente-coronel Mauro Cid, mas o ministro da Corte, mesmo assim, levou adiante o pedido feito pela Polícia Federal.
A investigação administrativa vai ser conduzida, segundo Moraes, pelo juiz instrutor do gabinete dele, Airton Vieira.
BOLSONARO SENTIU O GOLPE
Na última terça-feira (27), Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o “pessoal da Polícia Federal”, que pediu a quebra de sigilo bancário do principal ajudante de ordem dele, “come na mão” de Moraes e que o ministro do Supremo “ultrapassou todos os limites”, pois com a decisão teria atingido gastos da mulher dele, a primeira-dama Michelle Bolsonaro.
“Alexandre, você mexer comigo é uma coisa, você mexer com minha esposa, você ultrapassou todos os limites, Moraes, todos os limites”, berrou o presidente.
“Está pensando o que da vida? Que pode tudo e tudo bem? Você um dia vai dar uma canetada e me prender? Isso que passa na tua cabeça? É uma covardia”, disse o presidente em ‘live’ para apoiadores.
M. V.
