Felipe Leal, que chefiava inquérito sobre tentativa de Bolsonaro de aparelhar a PF, havia sido afastado do Serviço de Inquéritos Especiais (Sinq) pelo atual diretor-geral da PF, Paulo Mairuino
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou na segunda-feira (12) o retorno do delegado Felipe Leal à chefia do inquérito que apura a interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal, aberto após denúncia do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro. Ele havia sido afastado do Serviço de Inquéritos Especiais (Sinq) pelo atual diretor-geral da PF, Paulo Mairuino.
O seu afastamento das investigações se deu após Leal ter assinado um ofício que apontou ilegalidades nas provas obtidas por um ataque hacker ao celular dos procuradores da Lava-Jato. A manifestação foi feita em um inquérito aberto pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O ministro do STF afirma que Leal deverá ser mantido à frente das investigações “considerado seu conhecimento técnico da presente investigação”. A designação de Moraes foi comunicada ao Diretor-Geral da PF.
“Este inquérito, inicialmente presidido pela Delegada de Polícia Federal CHRISTIANE CORREA MACHADO, passou a ser conduzido sob a chefia do Delegado de Polícia Federal FELIPE ALCÂNTARA DE BARROS LEAL, então chefe do SINQ/CGRC/DICOR, que deverá, considerado seu conhecimento técnico da presente investigação, ser mantido na presidência do inquérito”, diz o documento assinado por Moares.
O Serviço de Inquéritos é uma área estratégica da PF em Brasília por ser o setor responsável por todas as investigações em andamento contra políticos que tramitam perante o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça. Em abril, foi escolhido para o lugar de Leal o delegado Leopoldo Lacerda, que chefiava a delegacia de combate ao crime organizado em Alagoas.
O inquérito que apura a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal foi aberto em abril de 2020 e até hoje não foi concluído devido ao impasse que corre, no STF, sobre o formato do depoimento que deverá ser prestado por Jair Bolsonaro – se por escrito ou presencialmente.
O então relator do caso, ex-ministro Celso de Mello, votou para que a oitiva seja presencial. A discussão está prevista para ser retomada em setembro.