Declaração ocorreu em outubro do ano passado durante transmissão ao vivo do presidente da República em plataformas digitais
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), prorrogou, na segunda-feira (13), por mais 60 dias, o inquérito contra Jair Bolsonaro (PL) por associar a vacina contra Covid-19 com o risco de contrair o vírus HIV e desenvolver Aids.
Sucintamente, a decisão ocorreu “considerando a necessidade de prosseguimento das investigações, nos termos solicitados pela Polícia Federal”.
O inquérito foi aberto no STF, em 3 de dezembro de 2021, por determinação de Moraes e também a pedido da CPI da Covid-19.
“Trata-se de manifestação do Presidente da CPI da Pandemia no Senado Federal, por meio da qual requer a instauração de inquérito policial para apuração dos crimes apontados no relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito e a aplicação de medidas cautelares de natureza penal em relação ao Presidente da República Jair Bolsonaro”, destacou, na época, o pedido de abertura das apurações pela Corte Suprema.
NUVENS DE FUMAÇA
Bolsonaro sabe que não há associações entre as vacinas e o vírus da Aids. Todavia, ele lança essa e outras leviandades, primeiro porque sabe que conturba e atrapalha o processo político. Esse é o modus operandi dele, desde da época que era deputado federal.
Havia outras duas razões para aquela fala mentirosa. A primeira, era fazer campanha contra as vacinas, que o governo dele só comprou porque a CPI do Senado desnudou os intentos do presidente da República em relação à pandemia. Ele queria que houvesse a chamada “contaminação de rebanho” para não precisar comprar vacinas e assim, a pandemia seria supostamente controlada por meios “naturais”.
A segunda, é (era) manter a coesão dos apoiadores mais empedernidos dele, os chamados bolsonaristas raiz. Esse tipo de “loucura” serviu de “narrativa” para a militância bolsonarista atuar contras as vacinas. Deu errado, mas causou muitos prejuízos e mortes na população que acreditou nessa mentira do presidente da República.
ENTENDA O CASO
A declaração de Bolsonaro foi feita durante transmissão ao vivo, nas redes sociais dele, em 21 de outubro. O YouTube, Facebook e Instagram excluíram o vídeo das respectivas plataformas.
“Relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados — quem são os totalmente vacinados? Aqueles que depois da segunda dose, né, 15 dias depois, 15 dias após a segunda dose, totalmente vacinados — estão desenvolvendo a síndrome de imunodeficiência adquirida muito mais rápido do que o previsto, recomendo ler a matéria”, disse Bolsonaro, que reproduziu trechos de notícia falsa que circulava na internet.
Especialistas reforçam que a afirmação é falsa e que não existem evidências científicas na relação entre vacinas e a Aids.
Na abertura do inquérito, feita após pedido da CPI da Covid-19, do Senado Federal, Moraes destacou que “não há dúvidas de que as condutas noticiadas do Presidente da República, no sentido de propagação de notícias fraudulentas acerca da vacinação contra a covid-19, utilizam-se do modus operadi do esquema de disseminação de massa nas redes sociais”.
M. V.