O ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato à presidência da República pelo Podemos, afirmou que a transferência do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) do Ministério da Justiça para o Ministério da Economia foi motivada por medo de Bolsonaro de que investigações que envolvem sua família chegassem até ele.
Titular da pasta da Justiça no momento da transferência, Moro disse que Bolsonaro queria barrar investigações contra seu filho Flávio no caso das “rachadinhas” em seu gabinete, quando era deputado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Ele também acusou o presidente de enfraquecer o combate à corrupção.
Segundo Moro, o presidente preferiu “enfraquecer o combate à corrupção” durante o mandato.
“O primeiro elemento que revelou isso foi quando teve a questão do Coaf, um órgão de inteligência de lavagem de dinheiro no Brasil, e que estava no Ministério da Justiça, na minha alçada. A gente tinha melhorado o Coaf, tinha aumentado o número de pessoas, e teve o movimento de levar para o Ministério da Economia. O pessoal ali tinha medo, porque sabia que ali não tinha esquema, não tinha negócio”, disse.
“O Coaf foi para o Ministério da Economia. Depois teve uma decisão do Supremo (Tribunal Federal) que beneficiou o filho do presidente, parou uma investigação. O problema é que essa liminar parava todas as investigações de lavagem de dinheiro no país”, disse o ex-ministro, em entrevista na segunda-feira (24) ao “Flow Podcast”.
A transferência do Coaf para o Ministério da Economia ocorreu após a aprovação de uma Medida Provisória, enviada por Jair Bolsonaro ao Congresso Nacional em 2019. Atualmente, o órgão é de responsabilidade do Banco Central (BC), que até 2021 era vinculado à pasta.