O juiz federal Sérgio Moro determinou a prisão de integrantes da cúpula do grupo Mendes Júnior, após condenação em segunda instância. A ordem do magistrado alcança os executivos Sérgio Cunha Mendes, Rogério Cunha Pereira e Alberto Elísio Vilaça Gomes, condenados por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Sérgio Cunha, que pegou 27 anos e dois meses de reclusão, e Rogério Cunha, sentenciado a 18 anos e nove meses, foram condenados por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Alberto Elísio Vilaça foi condenado a 11 anos e seis meses por corrupção ativa e associação criminosa. As penas foram impostas pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), em Porto Alegre.
A denúncia do Ministério Público Federal apontou que R$ 31.472.238,00 foram pagos em propina pela empreiteira Mendes Júnior Trading Engenharia em contratos da Petrobrás para a Diretoria de Abastecimento. Segundo a força-tarefa da Operação Lava Jato, os valores foram objeto de ocultação e dissimulação através do escritório de lavagem de dinheiro do doleiro Alberto Youssef.
De acordo com o MPF, a Mendes Júnior fez parte do “clube vip” de empreiteiras que, em cartel, fraudaram sistematicamente as licitações da estatal para a contratação de grandes obras a partir de 2006. Entre elas, obras na Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná.
Na decisão, Moro afirmou que “tratando-se de crimes de gravidade, inclusive corrupção e lavagem de dinheiro, de mais de R$ 30 milhões, a execução após a condenação em segundo grau impõe-se sob pena de dar causa a processos sem fim e a, na prática, impunidade de sérias condutas criminais”.
“Exaurida a segunda instância após o julgamento de embargos de declaração contra o acórdão nos infringentes, as penas devem ser executadas como previsto expressamente no julgado”, escreveu. “Não cabe a este Juízo discutir a ordem”, completou.
O juiz consignou nos mandados autorização para transferência dos presos para o Complexo Médico Penal em Piraquara, ala reservada aos presos da Operação Lava Jato. Como de costume, Moro deu 24 horas de prazo para os executivos se apresentarem voluntariamente à Polícia Federal.