O ex-juiz Sérgio Moro, atual Ministro da Justiça de Bolsonaro, impediu que a Polícia Federal apreendesse os telefones do então todo poderoso deputado federal Eduardo Cunha (MDB-RJ) no dia anterior à sua prisão, ocorrida em 19 de outubro de 2016.
O juiz era encarregado da “lava jato” e atuou para convencer os procuradores a não pedir a apreensão dos celulares do ex-presidente da Câmara dos Deputados.
A informação veio a público através dos diálogos que integram o conjunto de mensagens enviadas ao site The Intercept Brazil. As mensagens entre Moro e Dallagnol ocorreram no dia 18 de outubro de 2016.
Nelas, o procurador Deltan Dallagnol soicita uma reunião para tratar de um pedido de apreensão dos telefones de deputado e presidente da Câmara.
Até aí tudo normal.
Na reunião, apesar de não ter sido vazada, soube-se, pelas mensagens trocadas posteriormente, que Moro convence Dallagnol a não pedir a apreensão dos celulares.
É o que mostra mensagem de Deltan Dallagnol enviada às 14h16 do dia 18 de outubro aos colegas em que diz que, após levar em consideração o que foi dito pelo juiz, a força-tarefa desistiu de pedir apreensão dos celulares.
“Conversamos (sic) qui e entendemos que não é caso de pedir os celulares, pelos riscos, com base em suas ponderações”, escreveu o procurador.
No dia seguinte às conversas entre os dois, 19/10, Eduardo Cunha foi preso em Brasília. No mesmo dia, Eduardo Cunha embarcou em um avião da Polícia Federal com destino a Curitiba. Eduardo Cunha mantinha em seu telefone ligações e mensagens a diversos outros integrantes de seu esquema de corrupção.
Os fatos revelados nestas mensagens reforçam as suspeitas de que Moro orientava Deltan Dallagnol. Neste caso, ao que parece, para garantir que o caso continuasse em sua jurisdição.
Eduardo Cunha chegou a questionar aos agentes da PF sobre se deveria ou não entregar seu aparelho celular e recebeu uma resposta negativa, segundo seus advogados.
A justificativa da força-tarefa da Lava Jato e do Ministério da Justiça, segundo a revista Consultor Jurídico, é de que os celulares de Eduardo Cunha já haviam sido apreendidos anteriormente.
A alegação dos dois órgãos se refere ao dia 15 de dezembro de 2015. Na ocasião, Eduardo Cunha teve seu telefone recolhido na Operação Catilinárias.