No último domingo (31) nove bombeiros civis morreram soterrados em um desabamento de uma gruta na zona rural de Altinópolis, interior de São Paulo. As vítimas são duas mulheres e um homem – seis ainda não tiveram o sexo informado -, de acordo com o tenente coronel da Polícia Militar e coordenador regional da Defesa Civil, Rodrigo Quintino.
O tenente coronel informou que dos 10 soterrados, apenas um foi resgatado com vida. Outras seis pessoas ficaram feridas, mas não chegaram a ficar presas. As vítimas foram levadas ao Hospital de Misericórdia de Altinópolis e já receberam alta.
A princípio, o Corpo de Bombeiros chegou a informar que 12 pessoas tinham sido soterradas e que cinco foram resgatadas com vida. Um posto de comando unificado foi montado no local para auxiliar os trabalhos na Gruta Duas Bocas, que fica perto da Gruta Itambé, conhecido ponto turístico da cidade.
O major Rodrigo Leal, comandante do 9º Grupamento do Corpo de Bombeiros, disse que 14 homens trabalhavam exclusivamente na gruta. A corporação encerrou as buscas por volta das 19h do domingo. Cinco corpos retirados do local do acidente já foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML).
As equipes ainda trabalham no transporte de outras quatro vítimas até o ponto de apoio montado às margens da rodovia. Segundo os bombeiros, os corpos das vítimas serão levados por uma trilha menor.
Por causa da escuridão, o helicóptero Águia, da PM, não pode auxiliar no transporte à noite. A chuva forte que atinge a região desde a tarde de sábado dificulta ainda mais a ação.
DESMORONAMENTO
O desmoronamento aconteceu por volta da 1h. De acordo com o Corpo de Bombeiros, 28 bombeiros civis e instrutores faziam um treinamento no interior da gruta quando o teto da caverna desabou, deixando parte do grupo retido. Os bombeiros civis eram alunos da escola Real Life, de Ribeirão Preto. De acordo com o site da empresa, ela atua há nove anos no setor.
Por volta das 9h45, o Corpo de Bombeiros informou que a primeira vítima foi retirada com vida. O local, de acordo com a corporação, colapsou e havia risco de novos desmoronamentos. Foi preciso escorar a área para que o trabalho de resgate fosse feito de forma segura.
Segundo informações do Governo de São Paulo sobre atrações turísticas do Estado, a gruta tem formação arenítica, o que a torna suscetível a grandes desgastes, tanto pela ação antrópica quanto pela ação natural. Ela tem 28 metros de altura e cerca de 350 metros de galerias.
O local é tão simbólico para a região que aparece no brasão da cidade. Além disso, é um sítio arqueológico cadastrado no Iphan por ter sido uma oficina lítica de populações pré-coloniais (onde fabricavam artefatos de pedra).
Em nota, o governo do estado informou que uma força-tarefa foi montada no local. Especialistas em resgate, técnicos da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil e um geólogo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) foram levados de helicóptero a Altinópolis para reforçar o trabalho.
A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros informaram que não foram comunicados anteriormente sobre a realização do treinamento.