Coincidência? Talvez. Caso não seja, fica evidenciado o grande conluio criminoso que envolveu a compra de imunizantes contra a pandemia por parte do Ministério da Saúde e vários integrantes da pasta
Chamou a atenção dos integrantes da CPI da Covid-19 no Senado o fato de a defesa do motoboy da empresa VTCLog, Ivanildo Gonçalves da Silva, ser realizada pelo advogado Alan Diniz Moreira Guedes de Ornelas.
O defensor pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a anulação da convocação para o depoimento de Ivanildo Silva na CPI, marcado para terça-feira (31). O relator foi o ministro Kassio Nunes Marques, que deferiu o pedido, e o motoboy não foi à CPI.
Antes disso, porém, o mesmo advogado trabalhava no escritório de Paulo Emílio Catta Preta, defensor que lidera a defesa de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e que atuou antes na defesa do miliciano Adriano Nóbrega, morto no Estado da Bahia pela PM, com suspeitas de execução.
Segundo Catta Preta, Ornelas deixou o escritório no início deste ano. “Não existe nenhuma vinculação (da defesa do motoboy) com meu escritório”, disse o advogado de Queiroz. Ornelas atua sozinho desde que deixou o escritório. Procurado, não retornou.
CITADO EM RELATÓRIO DO COAF
Na semana passada, reportagem do Jornal de Brasília veiculou que Ivanildo Silva sacou total de R$ 4,74 milhões para a VTCLog, empresa de logística com contratos no Ministério da Saúde e responsável pelo transporte de insumos, inclusive vacinas.
Segundo o jornal, o nome de Ivanildo Silva é citado ao longo de RIF (relatório de inteligência financeira) do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
A maioria dos saques foi em espécie na boca do caixa. No pedido ao Supremo, Ornelas defendeu que o cliente possui função “de motoqueiro”. Por isso, ele “realiza todas as diligências que dependem de deslocamento, inclusive bancárias”. Para a defesa, a convocação foi “ilegal”.
RECONVOCADO PELA CPI
Ivanildo Silva prestaria depoimento à CPI nesta terça-feira, mas recebeu habeas corpus do ministro bolsonarista do STF Kassio Marques, que permitiu que ele não comparecesse.
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AM) ressaltou que as ações do motoboy não consistem em crime, já que ele “cumpria ordens”. Ele vai ser reconvocado a prestar depoimento à CPI.
“Agora a CPI irá focar no depoimento de todas as pessoas da VTCLog. Todas, sem exceção. Nós iremos a fundo na VTCLog até a CPI concluir essa questão”, afirmou o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), após os senadores aprovarem as quebras de sigilos telefônicos, fiscal, bancário e telemático de nomes ligados à empresa.
M. V.