As entidades que organizam a manifestação em defesa da democracia no dia Sete de Setembro mantiveram a localização do ato de São Paulo na Avenida Paulista – e pediram ao governador do Estado, João Doria, que garanta a principal via da capital para o povo, convocado por suas entidades, inclusive o “Grito dos Excluídos”, da Igreja Católica, que há muitos anos se realiza, nessa data, no local.
Um dos coordenadores da manifestação, Raimundo Bonfim, declarou que além da representação ao Ministério Público, já noticiada por nós, foi solicitada reunião com o governo do Estado para mostrar que foi ignorada a decisão judicial que estabeleceu um revezamento nas manifestações localizadas na Avenida Paulista.
Bonfim fez um relato sucinto da reunião com o comando do 11º Batalhão da PM, cuja posição foi seguida, equivocadamente, pelo governo do Estado:
“O 11º Batalhão da Polícia Militar argumenta que no dia 24 de julho, quando realizamos nossa última grande manifestação, um sujeito que não se sabe o nome teria comunicado que faria um ato na Paulista no dia 7. Esse cara sumiu e a PM está interpretando que houve duplicidade. Não é possível uma pessoa só causar duplicidade em relação à demanda feita por centenas de entidades”.
Com efeito, a última manifestação ocorrida na Paulista, a 1º de agosto, foi de apoio a Bolsonaro (o ato pelo “voto impresso”).
Assim, caberia agora ao movimento em defesa da democracia, contra Bolsonaro, a vez de manifestar-se no mesmo local.
No entanto, tramou-se uma confusão típica de escroques fascistas – segundo a qual, os sequazes de Bolsonaro teriam aberto mão da Paulista no dia 24 de julho, supostamente trocando-o pelo Sete de Setembro.
Na verdade, no dia 24 de julho, além da manifestação pela democracia, houve uma requisição para um ato religioso (a “Marcha para Jesus”), não para um ato político.
Que Bolsonaro & quadrilha queiram usurpar atos religiosos como se fossem seus, diz bem do respeito que eles têm pela religião, meramente manipulatório e mais interesseiro do que aquele dos vendilhões do Templo.
Além disso, o ato religioso do dia 24 de julho não realizou-se na Paulista, mas no Ibirapuera, por decisão de seus próprios organizadores.
O que houve, sim, foi o ato do dia 1º de agosto, em apoio a Bolsonaro e ao voto impresso.
Portanto, como disse o porta-voz dos organizadores da manifestação pela democracia, o governo de São Paulo errou ao seguir o comando do 11º Batalhão da Polícia Militar, designando a Avenida Paulista para a arruaça de Bolsonaro no dia Sete de Setembro.
As entidades irão expor ao governador João Doria o erro que foi cometido.
O próprio Doria, na reunião nacional dos governadores, foi claro em relação ao que pretende Bolsonaro com essa tentativa, essa manifestação contra a democracia e contra as instituições:
“Se já não bastassem as ameaças cada vez mais crescentes nas últimas semanas, teremos nesse mês de setembro manifestações, não apenas no direito de se manifestar contra ou a favor. Mas manifestações ruidosas, para colocar em risco a democracia”, disse Doria.
“Caminhoneiros que estão sendo organizados por milícias bolsonaristas para fechar estradas, fechar acesso ás estradas. O estímulo pelas redes sociais para que militantes do movimento bolsonarista utilizem armas e saiam às ruas armados. Isso não é defender a democracia. Isso é desrespeitar o país e desrespeitar a vida.
“Não é o momento de nós silenciarmos, repito. E nem ficarmos na retaguarda”, concluiu, com razão, o governador de São Paulo.
C.L.