Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta quarta-feira (20), o Ministério Público do Paraná (MP-PR) denunciou por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e perigo comum o policial penal Jorge Guaranho, que matou a tiros o tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR), Marcelo Arruda.
O órgão aponta que o acusado agiu por motivo fútil em razão de “preferências político-partidárias antagônicas” e que Guaranho colocou em risco a vida de mais pessoas ao efetuar os disparos no salão de festas.
O guarda municipal Marcelo Aloizio Arruda foi morto por Jorge Guaranho enquanto comemorava o seu aniversário de 50 anos com uma festa temática do PT. O atirador invadiu a festa gritando “aqui é Bolsonaro” e “mito” e disparou contra o petista.
Na terça-feira (20), Guaranho recebeu alta da UTI que estava internado e, segundo o boletim médico, está estável e consciente.
O Ministério Público contraria a versão oferecida pela delegada da Polícia Civil, Camila Cecconello, apresentada no inquérito policial, de que a morte do tesoureiro do PT não foi provocada por motivo político. Segundo ela, os disparos teriam sido feitos em um segundo momento, após a escalada da discussão.
A denúncia foi apresentada pelos promotores de Justiça Tiago Lisboa e Luís Marcelo Mafra Bernardes da Silva. Como o acusado está preso, o prazo legal para o oferecimento da denúncia, de cinco dias, se encerrava nesta quarta.
Ao detalhar a denúncia, os promotores afirmaram não ter sido constatada prática de crimes de ódio, discriminação, ou contra o estado democrático de direito.
Lisboa afirmou ainda aguardar laudos serem anexados ao processo, mas que o MP avaliou que o material não é imprescindível ao oferecimento da denúncia.
De acordo com o promotor, trata-se de laudos periciais de confronto balístico, do aparelho que gravou as imagens das câmeras de segurança do local do crime, do conteúdo do celular de Guaranho, do carro do policial e, ainda, do próprio local do crime. Caso necessário, os promotores podem fazer uma complementação à denúncia.
“Esperamos que esse caso emblemático do Marcelo Arruda sirva de freio de arrumação para essa escalada da violência que o nosso país tem vivenciado no espectro político-partidário”, afirmou Luís Marcelo Mafra.
“Nós precisamos parar com isso. Esperamos que esse seja o ponto terminal de tudo isso, por que, enquanto Ministério Público, não toleraremos práticas dessa natureza”, complementou.
RETORNO DO INQUÉRITO
Na última terça-feira (19), o juiz Gustavo Germano Francisco Arguello, da 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu, devolveu à Polícia Civil o inquérito sobre o assassinato do guarda municipal Marcelo Aloizio Arruda.
A Justiça determinou novas diligências solicitadas pelo Ministério Público do Paraná, como a perícia no celular do autor dos disparos que matou o tesoureiro petista.
A decisão foi publicada três dias após a conclusão do caso pela polícia. O inquérito foi finalizado em apenas cinco dias, antes da divulgação de dados contidos no celular do policial penal Jorge Guaranho.
“Determino o retorno do inquérito policial à Delegacia de Polícia, via remessa off-line, para o urgente cumprimento das diligências investigativas requisitadas pelo Ministério Público, ressalvando que a aplicação do art. 16, do CPP, não afasta a observância dos exíguos prazos processuais na tramitação de inquéritos de indiciado preso”, escreveu o juiz responsável.
As informações contidas no telefone devem auxiliar na investigação e identificar se houve participação indireta de outras pessoas no crime.
O PT contestou o resultado do inquérito e afirmou que “imagens e depoimentos provam a motivação política do crime”.
“O encerramento apressado das investigações desse crime bárbaro é, acima de tudo, uma ofensa à família de Marcelo, além de um prognóstico preocupante de conivência das autoridades com os futuros episódios de violência que ameaçam as eleições deste ano”, disse em manifestação.