A força-tarefa do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que investiga o caso Prevent Senior no âmbito criminal, retomou os trabalhos nesta quarta-feira (13) após o feriado prolongado de Nossa Senhora Aparecida.
Os promotores que integram o grupo de trabalho vão analisar documentos, principalmente os que já foram apresentados na CPI da Pandemia, ler prontuários médicos dos pacientes que morreram e também analisar conversas, exames e receitas médicas.
A partir de quinta-feira (14) será retomada a fase de oitivas. Além de parentes de vítimas, os promotores vão colher depoimentos de pacientes que foram submetidos ao chamado tratamento precoce em unidades da operadora.
Todos esses pacientes tomaram o kit Covid fornecido pela Prevent, composto por medicamentos com ineficácia comprovada contra a doença, como cloroquina e ivermectina.
Entre os depoimentos, está prevista a oitiva do advogado Tadeu Frederico de Andrade, de 65 anos, que foi paciente da Prevent. Ele teve coronavírus e tomou o kit Covid.
Ouvido pela CPI, em Brasília, ele falou que teve complicações ao tomar os remédios. Além disso, afirmou que a empresa cometeu uma série de irregularidades durante seu tratamento. A expectativa dos promotores é que Tadeu possa dar mais detalhes sobre as denúncias de ilegalidades cometidas pela operadora.
A força-tarefa do MP-SP informou que vai chamar para depor ao menos 21 pacientes ou familiares de pacientes e, no mínimo, quatro médicos. “Nós temos pacientes que serão ouvidos, temos familiares de pacientes que serão ouvidos. Já temos documentação vinda de alguns pacientes, documentações fornecidas pela própria Prevent Senior. E outros documentos que nós também já obtivemos”, disse o coordenador da equipe, promotor Everton Zanella.
Os promotores querem apurar suspeitas de homicídio, que poderia ter ocorrido em decorrência da prescrição do chamado “kit Covid” nas unidades da Prevent. A força-tarefa quer saber também se, mesmo após a ineficácia desses remédios ter sido comprovada cientificamente, a empresa continuou a distribuir os kits a seus pacientes.
As denúncias envolvem ainda falsificação de atestado de óbito e alteração de dados da pandemia, por omissão nos registros médicos que pacientes estavam infectados com o novo coronavírus. As investigações do Ministério Público ocorrem em conjunto com a Polícia Civil de São Paulo, que já abriu dois inquéritos contra a operadora.
Além de se tornar alvo da CPI da Pandemia, a Prevent Senior passou a ser investigada pelo Ministério Público de São Paulo, o Ministério Público do Trabalho, a Câmara de Vereadores da capital paulista e pode ser investigada também pela Assembleia Legislativa de São Paulo.