O Ministério Público Federal (MPF) abriu uma investigação preliminar para investigar o filho de Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, Antônio Cristóvão Neto, por participar de reuniões, falar em nome do governo federal e atuar na liberação de verbas sem exercer cargo público.
Antônio Cristóvão Neto, o Queiroguinha, é estudante de medicina e pré-candidato a deputado federal na Paraíba e poderá ser investigado por usurpação de função pública, tráfico de influência e crimes eleitorais.
Mesmo sem estar cotado em nenhuma função no governo federal, fala em nome dele em entrevistas, faz a mediação para a liberação de verbas da Saúde para municípios da Paraíba e fala em nome do ministro da Saúde, seu pai, em eventos oficiais.
Queiroguinha, que tem 23 anos e é filiado ao PL de Jair Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto, convida prefeitos de cidades da Paraíba que são seus amigos para se reunirem com seu pai, Marcelo Queiroga, no Ministério da Saúde.
No começo de maio, três prefeitos de municípios da Paraíba foram até a sede do Ministério da Saúde, à convite de Queiroguinha, para conseguir a liberação de verbas. O encontro sequer constava na agenda oficial de Marcelo Queiroga.
Os três prefeitos conseguiram R$ 1,250 milhão para seus municípios depois da reunião arranjada pelo estudante de medicina.
O prefeito de São José da Lagoa Tapada, Cláudio Antônio Marques, o Coloral (PSDB), admitiu que foi até o Ministério porque é “amigo do Queiroguinha. Ele convidou para ir lá e eu fui”.
No dia 25 de abril, Antônio Cristóvão Neto representou Marcelo Queiroga em um evento com dez prefeitos paraibanos para a assinatura de um programa que enviará recursos para a região.
O prefeito de São Bento, Jarques Lúcio (Cidadania), disse ao Globo que Queiroguinha foi ao encontro “representando o pai dele e o Ministério da Saúde”.
“Queiroguinha fez uma fala representativa em relação ao ministro Marcelo Queiroga, que vinha. Ele [Queiroguinha] acabou vindo na comitiva da Funasa, mas não fez discurso político. Foi um discurso institucional, em nome do pai”, continuou.
Além de representar o Ministério da Saúde sem ter nenhum cargo, Antônio Cristóvão é levado pelo pai, Marcelo Queiroga, para eventos em que são liberados recursos para Prefeituras para conseguir apoio político nas eleições que vai disputar em outubro.
Um grupo de senadores e deputados, que entrou com uma representação no MPF para que o caso seja investigado, aponta que Queiroguinha pode estar “utilizando do cargo do pai em favor próprio, ao empregar as verbas ministeriais como moeda de troca para apoio político”.
“Há indícios de uma distorcida e nada republicana incursão de particular nas rotinas de atividades de Estado que são reservadas a quem investido de função pública nos estritos termos da lei”, continuam os parlamentares.
Em nota, o Ministério Público Federal disse que “a denúncia foi analisada pelo procurador distribuidor, que determinou a instauração de notícia de fato e respectiva distribuição para ser apurada. De início, o suposto fato deve ser averiguado por gabinete com atuação criminal geral, o qual avaliará o cabimento de eventual encaminhamento à Procuradoria Regional Eleitoral”.