A esposa do deputado federal bolsonarista Daniel Silveira (PSL-SP), Paola da Silva Daniel, disse que recebeu o auxílio emergencial enquanto era funcionária pública federal por que “o cancelamento era muito burocrático, era bem complicadinho”.
Em um vídeo que enviou num grupo de Whatsapp, Paola disse que foi uma “covardia” o Supremo Tribunal Federal (STF) ter prendido seu marido por ter ameaçado os ministros da Corte.
O benefício é destinado a trabalhadores informais, autônomos ou sem renda fixa durante a pandemia do novo coronavírus.
Paola contou que se inscreveu para o auxílio emergencial quando estava desempregada, no começo do programa, mas não cancelou sua inscrição depois que foi nomeada para um cargo comissionado federal e recebia R$ 5,6 mil.
“Descobriram que recebi o auxílio emergencial. Então veio aquele alvoroço. Realmente solicitei o auxílio emergencial, mas isso foi assim que saiu, lá no início. Preenchi todos os requisitos para solicitar o benefício. Um tempo depois de solicitar o benefício, soube que seria nomeada. Comecei a pesquisar sobre o cancelamento do auxílio. Pesquisei e vi que o cancelamento era muito burocrático e, isso, se possível. Era bem complicadinho”, disse a advogada.
De acordo com seu relato, ela pensou que a sua nomeação para o novo cargo, que aconteceu em outubro, já cancelaria automaticamente sua inscrição para o auxílio emergencial.
“Como eu estava trabalhando em órgão federal, eu pensei, óbvio, os sistemas se comunicam, né? O meu benefício vai ser automaticamente cancelado. Para a minha surpresa, em novembro eu recebi uma parcela”, tentou se
Mas ela está dando outra versão agora. Em entrevista ao jornal O Globo do dia 26 de fevereiro, a advogada disse que recebeu o benefício porque precisava de ajuda para custear despesas até seu local de trabalho.
“Minha última parcela do auxílio foi em novembro. Moro em Petrópolis e precisava do dinheiro para custear minha despesa até meu local de trabalho. Após meu primeiro vencimento, procurei uma maneira de devolver essa última parcela, pesquisei e observei que era bem burocrático e que continha muitas dificuldades, dificuldades estas que ainda estou tentando solucionar. No mais, fiz tudo dentro da legalidade”, disse ela ao Globo.
Segundo o Portal da Transparência do Governo Federal, Paola recebeu quatro parcelas no valor de R$ 600 até outubro, mês em que foi contratada pelo ministério com salário bruto de R$ 5,6 mil. Após a contratação, seguiu recebendo uma quinta parcela nesse mesmo valor e mais duas de R$ 300, até dezembro de 2020.
Paola Daniel disse que foi atrás de informação e ouviu “‘fique tranquila, se você recebeu a última parcela é porque você tem direito. Se não, o governo já teria cortado o seu benefício’. Tive essa informação e fiquei tranquila”.
Ela não explicou quem que lhe passou essa orientação.
A esposa de Daniel Silveira disse que não sabia sequer que tinha recebido o pagamento em janeiro, que ficou sabendo através da imprensa.
Agora, depois que a questão veio a público, Paola Daniel disse que vai devolver o dinheiro. “Hoje o sistema é muito mais fácil do que antes. Vou fazer a devolução”.
Seu marido está preso desde o dia 16 de fevereiro por ter publicado um vídeo xingando e ameaçando os ministros do STF. A Câmara já referendou sua prisão.